O Magnata e a Marquesa: Xavier Niel tira o chapéu (e a carteira) para a história de Versalhes

​A aquisição do Pavillon de Musique du Barry por € 38,7 milhões coloca o bilionário das telecomunicações na mira do neoclassicismo e da guilhotina.

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O bilionário francês Xavier Niel, conhecido por sua veia empreendedora em telecomunicações (fundador da Iliad) e tecnologia (Station F e a Escola 42), acaba de adicionar uma peça de inestimável valor à sua excêntrica coleção de imóveis históricos. Desta vez, o troféu é o Pavillon de Musique du Barry, uma joia neoclássica nos arredores de Versalhes, arrematada por € 38,7 milhões (cerca de R$ 242 milhões).

Se para a maioria dos magnatas um portfólio de propriedades significa lazer e status, para Niel, a compra desses monumentos é o que ele chama, com a franqueza de um programador, de seu “terceiro pilar de negócios.”

 

O Pavilhão, projetado pelo visionário Claude Nicolas Ledoux, não é apenas uma casa de campo. Foi erguido para a favorita de Luís XV, a Condessa Madame du Barry. Embora ela morasse ali, o local servia como um glamouroso palco para receber a corte e o próprio rei, simbolizando seu poder em uma época em que o status era medido pelo acesso à mais alta esfera do poder.

A residência, um exemplar da arquitetura neoclássica que idolatra a pureza greco-romana, exibe um salão principal que parece ter sido banhado em mármore e ouro. Seus cinco quartos no andar superior oferecem uma visão que cruza séculos, com a Torre Eiffel moderna contrastando com os quatro hectares de jardins históricos.

​O charme atemporal do palacete é inegável. Antes de Niel, ele já pertenceu ao magnata dos perfumes François Coty e, mais recentemente, serviu de cenário para sessões de fotos de alta-costura da Christian Dior, provando que, assim como o vinho, alguns pedaços da história francesa só ficam mais caros e cobiçados.

 

A compra, finalizada em julho, reforça a apetência de Niel por relíquias com potencial de incêndio, literalmente. Em 2022, ele adquiriu o icônico Hôtel Lambert em Paris, após o imóvel pegar fogo.

​No caso do Pavilhão, o drama é mais antigo. A Condessa du Barry desfrutou de seu luxo em Louveciennes até o turbilhão da Revolução Francesa a alcançar, culminando em sua execução em 1793. Uma lição histórica: a história de glamour e mármore pode, literalmente, acabar com a cabeça rolando.

Ao pagar bem abaixo do preço final pedido de € 44 milhões, Niel não apenas demonstra seu faro financeiro, mas também se torna o novo guardião de uma narrativa que une a extravagância real, a arte neoclássica e a inevitável tragédia política. Resta saber se o magnata vai instalar uma antena 5G em algum dos pilares dourados, ou se vai apenas curtir a vista da Dama de Ferro.

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