O Sport Club do Recife, um gigante nordestino, está se tornando o palco involuntário da ascensão de um intruso na Série A. A vitória do Mirassol por 2 a 1 na Ilha do Retiro, neste sábado (25), pela 30ª rodada do Brasileirão, não foi apenas mais um resultado: foi a confirmação de uma tendência. O time do interior paulista, com a quarta vitória consecutiva, solidifica-se na quarta colocação com 55 pontos, demonstrando uma frieza e consistência de quem realmente entendeu o campeonato.

O Leão da Ilha, por sua vez, carrega o peso de uma campanha que beira o inacreditável, estacionado na lanterna com meros 17 pontos. O abismo para sair da zona de rebaixamento parece intransponível, e o Sport se resigna a ser a vítima perfeita, servindo de degrau para a glória alheia.
A partida em si desenhou um roteiro de tragédia para os pernambucanos. A expulsão precoce de Matheusinho antes da meia hora de jogo foi um autogolpe. Minutos depois, Daniel Borges deu a assistência para Negueba, que, com um desvio providencial na defesa, inaugurou o placar. O Sport ainda ensaiou uma reação no primeiro tempo, com Derik Lacerda, o único nome a se destacar ofensivamente na temporada, aproveitando o cruzamento de Sérgio Oliveira para empatar.

Mas a esperança durou pouco. Logo no início da etapa final, Guilherme Marques, oportunista, aproveitou a sobra na área e disparou de primeira, garantindo o quarto triunfo consecutivo do Mirassol.

Enquanto o Sport se prepara para uma missão quase suicida no próximo sábado (1º), visitando o Flamengo no Maracanã, em um jogo que pode sacramentar o destino rubro-negro, o Mirassol faz o caminho inverso. O clube receberá o Botafogo no Maião com a chance de manter a toada, embalando de vez para carimbar sua vaga em competições continentais. O time paulista transforma cada rodada em celebração, enquanto a Ilha do Retiro se afoga na contagem regressiva para a Série B. O futebol, às vezes, é cruelmente didático: de um lado, a meritocracia da competência; do outro, o precipício da ineficácia.




