Nove são presos por integrar milícia de PMs que aterrorizava bairro no Grande Recife

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Com clima de medo e intimidação, moradores e comerciantes do bairro de Caetés I, em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, viveram durante anos sob o controle de uma milícia formada por sete policiais militares. Entre os envolvidos está um ex-vereador da cidade. O grupo é acusado de cobrar taxas ilegais e executar pessoas consideradas “obstáculos” para o domínio da área.

A operação que levou à prisão de nove suspeitos foi autorizada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), após recurso do Ministério Público (MPPE). As investigações indicam que a organização criminosa era comandada pelo ex-vereador e policial militar aposentado Rostand Cavalcanti Belém, junto ao filho, Rostand Cavalcanti Belém Júnior.

O grupo agia há mais de 10 anos, segundo a Polícia Civil, e impunha o pagamento de uma “taxa de segurança” semanal a comerciantes, variando entre R$ 40 e R$ 50 por estabelecimento. Quem se recusava a pagar sofria ameaças, represálias e possível retaliação violenta.

Testemunhas relataram que a cobrança não era opcional e que houve sucessivos aumentos nos valores ao longo dos anos. Uma das vítimas contou que só passou a pagar a taxa após ser assaltada em 2016. De acordo com os relatos, os responsáveis pela “segurança” circulavam armados e eram temidos por toda a região.

Mesmo após a prisão de Rostand Belém, a extorsão continuou sendo feita pelo filho. Rostand Júnior visitava os comércios semanalmente, acompanhado por quatro seguranças, exigindo os pagamentos. A milícia também mantinha homens armados fazendo patrulhamento ostensivo e intimidador com veículos no bairro.

As investigações apontam que os acusados praticavam execuções sumárias de pessoas envolvidas em crimes, impondo um tipo de “justiça paralela”, fora dos limites do Estado. O controle do grupo ia além da segurança ilegal, incluindo possível influência política, compra de votos e suposta aliança com o tráfico local, conforme consta no inquérito.

Alvos presos na operação:

Policiais militares:

  • Jorge Lopes de Freitas

  • Pericles Nunes Pereira

  • Rostand Cavalcanti Belém (aposentado)

  • Edmilson Silva de Lima

  • Aprígio Juvenal de Arruda Neto

  • Paulo Ditácio de Oliveira

  • Robson Quintino dos Santos (aposentado)

Civis envolvidos:

  • George Amilton Pereira Lima

  • Rostand Cavalcanti Belém Júnior

A Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que os policiais envolvidos estão sendo submetidos a processo disciplinar na Corregedoria da corporação, e que a apuração pode levar a punições, incluindo exclusão definitiva. Enquanto o processo judicial não for concluído, os militares seguem recebendo seus salários normalmente, conforme a legislação.

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