Como ficará a posição do PSB-PB com a decisão da executiva nacional do PT em lançar candidatura própria, para prefeito em João Pessoa? O governador João Azevedo é filiado à legenda, mas quem comanda é o deputado federal Gervásio Maia, aliado incondicional do Lulismo na Câmara Federal. Gervásio (e o PSB) se ornarão à frente das esquerdas, a ser encabeçada pelo PT? Ou levará sua legenda e se posicionará contra o PT, subindo no palanque com Cícero Lucena e João Azevedo?
Que se faça justiça ao empenho de Cícero Lucena e João Azevedo, para evitar a postulação de Luciano Cartaxo. Foi além do esperado, e o PT foi superestimado. Mas, subestimaram a força “raiz” da legenda, Ricardo Coutinho e o decano Luíz Couto, a quem chegaram a desdenhar de sua imagem (idoso) e sugeriram sua aposentadoria.
Desde o evento do aniversário de Zé Dirceu em Brasília, o “beija mão” começando por Lula, ministros do STF, presidentes da Câmara e Senado, ficou perceptível a volta triunfal do “Bruxo” para comandar com mão de ferro sua legenda. Registre-se sua ousadia, quando desafiou todos, criou o “Campo Majoritário” em 2002, aliou-se a Valdemar Costa Neto e elegeu Lula presidente.
Ato seguinte – aniversário de Sarney – todos juntos. Mas, desta vez uma surpresa impactante, para presentear o aniversariante. O ministro Flávio Dino, adversário ferrenho do ex-presidente – derrotou sua filha Roseana – chegou no recinto ao lado de Zé Dirceu. Beijou a testa do pai do Plano Cruzado, numa cena digna de ser registrada na trilogia de Mário Puzo – O Poderoso Chefão – levado às telas do cinema pelo genial diretor Francis Ford Coppola. As “famílias” comemoraram a pacificação.
Trinta e cinco dias depois, o STF arquivou o processo de Zé Dirceu e anulou sua condenação a 38 anos de cadeia, por corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, dentre outros delitos, fruto de delações premiadas de outros condenados na Operação Lava-Jato. A sentença foi ampliada pelo TRF-4, e confirmada pelo STJ. Mas, o STF a prescreveu. Dirceu recuperou seus direitos políticos, e agora volta à luta.
A única saída para Cícero Lucena e Ruy Carneiro é tentar trazer o debate para o plano local. Caso contrário, a polarização culminará num “Fla-Flu”, Lula x Bolsonaro. Luciano Cartaxo e Ricardo Coutinho, dois ex-prefeitos reeleitos, contra a direita cristã, conservadora, radical e antipetista, representada pelo ex-ministro Marcelo Queiroga e o pastor Sérgio Queiroz. O discurso de centro tornar-se-á vazio. Não empolga o povão.
João Azevedo fez de tudo para ser “petista”. Tentou se aproximar de Lula, do governo, mas, ele não tem o histórico de Ricardo Coutinho, primeiro governador a visitar Lula na cadeia. Luíz Couto? Já chegou até a beijar a mão de Jean Wyllys. João foi “travado” por Veneziano durante todo o ano de 2023. O Senador trouxe mais emendas para Paraíba, que convênios adquiridos diretamente por João Azevedo.
Ano passado, Pernambuco recebeu 230 milhões para Educação. Paraíba 20. Uma liderança do quilate de João Azevedo aceitar com resignação tamanha humilhação? Era para ter assumido um partido de centro-direita, e ter mandado o PT às favas. Só assim seria respeitado, e talvez fosse até cortejado. No momento ele tem o que Lula precisa: aprovação de sua gestão e popularidade.
Resta a curiosidade sobre o “milagre” que provocou a mudança do PT nacional, com relação a Paraíba. Tem um santo e nome: Ricardo Coutinho, hoje trabalhando junto com Zé Dirceu, debruçados num projeto sobre o futuro das esquerdas do Brasil, com vistas a 2026. E se no natal deste ano Coutinho estiver livre como Dirceu?
Por Júnior Gurgel