A disputa violenta entre facções criminosas no distrito de Uiraponga, localizado no interior do Ceará, tem gerado um cenário de abandono e desolação, com cerca de 300 famílias sendo forçadas a deixar suas casas nos últimos dois meses. O vilarejo, que antes era uma comunidade ativa, com comércios em funcionamento e ruas movimentadas, agora se encontra praticamente deserto, com as casas vazias e as lojas fechadas.
De acordo com relatos de moradores locais e um relatório da polícia, a escalada da violência está diretamente relacionada à guerra entre facções criminosas, que disputam o controle da região. O governo do Estado confirmou que um dos principais responsáveis pelos ataques e expulsões é o criminoso José Witals da Silva Nazário, que, junto a seu cúmplice Márcio Jailton da Silva, comandava a violência contra os moradores e o tráfico na área. Ambos estão presos, mas a situação de insegurança na região permanece.
Em resposta à gravidade do quadro, a prefeitura de Morada Nova, cidade que administra Uiraponga, emitiu um decreto classificando a situação como “anormal e emergencial”. O documento autoriza ações administrativas urgentes e provisórias para garantir que os serviços públicos, como saúde e educação, continuem operando, embora já tenha havido a suspensão de atendimentos no posto de saúde e a transferência temporária de alunos de uma escola local.
Especialistas, como o sociólogo Raul Thé, afirmam que a situação em Uiraponga reflete um problema maior que atinge diversas regiões do Ceará, com facções criminosas disputando o poder e gerando um ciclo de violência e deslocamento forçado. O governo estadual afirmou que está realizando operações de segurança na área, mas a normalização da vida no distrito ainda é um desafio.
A cidade de Morada Nova, e outros locais do Ceará, têm enfrentado uma crescente pressão da violência das facções, que deixa não só o cotidiano dos cidadãos mais difícil, mas também expõe as fragilidades do sistema de segurança pública e da ação do Estado nas regiões mais afetadas.
