A capital pernambucana se prepara para uma intervenção estrutural de grande porte, visando mitigar os crônicos problemas de alagamento que afetam uma das suas principais vias de acesso. A Prefeitura do Recife, através do Programa ProMorar, anunciou a construção de um complexo sistema de reservatórios de detenção de cheias, que será implantado nas alças da BR-232, no trecho compreendido entre o Curado e os Torrões.
A obra, com um orçamento estimado em R$ 36 milhões, tem previsão de início para março de 2026 e um prazo de execução de um ano. A expectativa é que mais de 70 mil moradores de bairros como Vietnã, Torrões, Curado, Engenho do Meio e Cordeiro sejam diretamente beneficiados pela iniciativa.
O coração do projeto é a construção de quatro reservatórios projetados para reter um volume impressionante de águas pluviais: cerca de 120 mil metros cúbicos, volume que equivale, em média, a 45 piscinas olímpicas. Esta capacidade de armazenamento é a chave para uma gestão mais eficiente da drenagem urbana.
O objetivo técnico é ambicioso: reduzir em até 30% o pico de cheias extremas, aquelas que ocorrem com um tempo de retorno de 25 anos. Como explicou o prefeito João Campos, a administração municipal passará a assumir a gestão da entrada da cidade, utilizando o potencial dos reservatórios para controlar o volume de água que escoa para a rede.
O impacto mais imediato e perceptível será na Avenida Abdias de Carvalho. Historicamente, a via sofre com inundações que geram grandes transtornos no tráfego. Com a nova estrutura, o fluxo das águas será direcionado para os reservatórios, que farão o controle da vazão de saída em direção ao Canal da CHESF.
Segundo Marília Dantas, secretária do gabinete de Projetos Especiais, essa manobra hidráulica permitirá que “a água que hoje paralisa o trânsito na Abdias consiga escoar para o canal, resolvendo, portanto, os alagamentos”. A contenção de pico na BR-232 aliviará a pressão no sistema de drenagem subsequente, desafogando a avenida e seu entorno.
Além de sua função primariamente hidráulica, o projeto incorpora um viés de valorização ambiental e urbanística. A área que receberá as obras ganhará um tratamento paisagístico, promovendo uma nova estética para a entrada da cidade. O plantio inclui espécies nativas e adaptadas ao clima local, como ipês, oitis, quaresmeiras e jerivás.
Um elemento social de destaque será a criação de uma horta comunitária, integrando a requalificação urbana com a promoção de práticas sustentáveis e o engajamento comunitário na nova área.
Com assessoria
