PT paraibano: à espera de um milagre em 2026

​Enquanto a caravana passa, o partido de Lula tenta um lugar no camarote majoritário.

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​O Partido dos Trabalhadores na Paraíba (PT-PB) parece ter uma bússola eleitoral que aponta para o passado, enquanto seus adversários já estão no futuro. Em meio a um cenário político onde os blocos majoritários já estão em franco movimento, a executiva estadual se reuniu para, vejam só, “debater a conjuntura”. A prioridade, carimbada como “0,1”, uma métrica que desafia a matemática comum, mas não a liturgia petista, é a reeleição de Lula. O resto é paisagem, ou, neste caso, a Paraíba de 2026.

​A sigla vive o dilema de quem se atrasa para a própria festa. A frase de ordem, segundo a deputada Cida Ramos, é “assegurar uma vaga” na chapa majoritária através de “negociação e sem imposições”. Tradução: o PT quer entrar na foto, mas entende que a força de barganha está reduzida a um cochicho. O que sobra, então, é a esperança de que o prestígio federal seja a senha para a vaga estadual.

Atualmente, o PT é um troféu de consolação disputado entre dois grupos antagônicos. De um lado, o MDB, comandado por Cícero Lucena e ancorado em Veneziano Vital, faz um aceno estratégico. A aliança com o PT serviria como contraponto à máquina governista. No entanto, o MDB já faz as contas para colocar alguém do clã Cunha Lima na vice, deixando a vaga ao Senado, ao lado de Veneziano, como o prêmio de consolação para a legenda de Lula. Uma posição nobre, é verdade, mas que exige do PT a submissão ao projeto de oposição.

​Do outro lado, a base do governador João Azevêdo (PSB), que tem Lucas Ribeiro (PP) na pista de sucessão, já está com o time praticamente fechado. Com o PP, Republicanos e PSB na linha de frente, a vaga de vice já é dada como certa para Adriano Galdino (Republicanos). A manobra deixa o PT como a cereja que talvez não caiba no bolo, restando-lhe a chance de entrar na aliança para “engrossar” o coro de apoio, talvez garantindo algumas secretarias ou indicados.

​O discurso petista é eloquente: a campanha será focada no “diálogo direto com a população” e em um programa “desenvolvimentista e democrático, com foco em emprego e renda”. Um programa que, ironicamente, será executado por quem lhes oferecer o melhor assento na chapa, seja o grupo da situação, seja o da oposição.

​O Partido dos Trabalhadores paraibano, portanto, joga a cartada do “tempo perdido”, confiando que a polarização nacional, personificada em seu líder maior, será a ponte para superar a dificuldade local. Resta saber se o PT vai fechar com a noiva ou com o noivo, ou se, no final das contas, será apenas o padrinho, sorrindo amarelo no altar.

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