A Polícia Civil da Paraíba, por meio da Delegacia de Areial, no Agreste, investiga uma denúncia de intolerância religiosa contra o padre Danilo César, após uma missa realizada no último domingo (27). O inquérito foi instaurado a partir de um boletim de ocorrência registrado na terça-feira (29) por representantes de religiões de matriz afro-indígena, que alegam ter sofrido racismo religioso durante a celebração.
Testemunhas já prestaram depoimento e outras pessoas devem ser convocadas para colaborar com as investigações. O padre também será ouvido pelas autoridades em breve. O caso ganhou repercussão após a divulgação de um vídeo em que o sacerdote faz declarações críticas a religiões afro-indígenas, associando práticas religiosas a acontecimentos negativos.
A Diocese de Campina Grande, responsável pela paróquia de Areial, informou que o padre prestará esclarecimentos aos órgãos competentes e ressaltou o compromisso com os direitos constitucionais à liberdade de crença, igualdade, não discriminação religiosa, direito à honra e à imagem, bem como o princípio da dignidade da pessoa humana.
O vídeo com as declarações do padre, originalmente transmitido ao vivo pelo canal da paróquia no YouTube, foi removido após repercussão negativa. Entidades de religiões afro-indígenas emitiram notas de repúdio, classificando as falas como preconceituosas e distorcidas. A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza registrou boletim de ocorrência por intolerância religiosa e anunciou denúncia ao Ministério Público da Paraíba.
O Fórum de Diversidade da Paraíba também condenou as declarações, destacando o uso inadequado do espaço religioso para disseminar discurso de ódio e reforçou que acompanhará o caso, prestando suporte às entidades envolvidas e encaminhando medidas para a retratação do sacerdote.