Onde a matemática cede à ironia do destino: um sortudo solitário arremata quase R$ 100 milhões da mega-sena

​A prova cabal de que a sorte é uma entidade caótica e sem critério, premiando um único e anônimo gaúcho com a chance de ignorar boletos e finanças pelo resto da vida.

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​Mais uma vez, o show de variedades da Caixa Econômica Federal cumpriu seu papel de fábrica de sonhos efêmeros e, na noite da última sexta-feira (14), entregou um prêmio que beira o centenário milionário. O concurso 2.940 da Mega-Sena, sorteado em São Paulo, transformou um cidadão de Porto Alegre (RS) no mais novo objeto de inveja nacional – e, possivelmente, de uma crise de identidade.

O sortudo, ou a sortuda, conseguiu a proeza improvável: cravou as seis dezenas (07 – 08 – 09 – 13 – 22 – 53) numa aposta simples, de R$ 6. Um investimento modesto que rendeu a bagatela exata de R$ 99.085.707,38. É o retrato perfeito da ironia lotérica: enquanto milhões se debatem em estratégias complexas, desdobramentos de números e bolões mirabolantes, o universo curvou-se a uma aposta singela de seis números.

A notícia é um lembrete sarcástico de que, no fim das contas, a probabilidade é apenas um palpite sofisticado. Um bilhete solitário, emitido numa lotérica da capital gaúcha, foi o portal de escape para a estratosfera financeira, deixando para trás 170 apostadores que fizeram a Quina e agora se contentam com os meros R$ 28.007,64 (o “quase lá” mais caro do Brasil), e quase 14 mil que acertaram a Quadra, garantindo R$ 568,96 para um breve e agridoce momento de alegria.

O vencedor agora entra para o panteão dos anônimos que, de uma hora para outra, podem começar a colecionar ilhas, patrocinar pequenos países ou, o mais provável, sumir do mapa para nunca mais atender o telefone.

Para os demais, resta a disciplina de uma nova tentativa. O próximo ciclo de ilusão, com um prêmio inicial modestíssimo de R$ 3,5 milhões, já está agendado para a próxima terça-feira (18). Afinal, o espetáculo da esperança nunca pode parar.

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