O Recife inicia um movimento decisivo para reverter o esvaziamento de seu núcleo histórico. O Distrito Guararapes, um arrojado projeto de requalificação urbana concebido pela Prefeitura da capital pernambucana com suporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), promete reintegrar o Centro, especialmente o bairro de Santo Antônio, às funções essenciais de moradia, cultura e convívio social.

A iniciativa, estruturada como uma Parceria Público-Privada (PPP) com previsão de contrato de 30 anos, envolve um investimento total que supera os R$ 300 milhões em intervenções. A espinha dorsal do projeto é a conversão de imóveis desocupados em unidades habitacionais e a modernização do espaço público.
A proposta prevê a restauração de 14 edifícios em desuso, muitos pertencentes a espólios ou massas falidas, transformando 12 deles em empreendimentos residenciais. Serão criadas 873 novas unidades habitacionais, com foco na atração de moradores de diferentes faixas de renda para o centro da cidade. As unidades, com cerca de 35 m² em média, serão em parte destinadas ao financiamento via Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), visando diversidade social e repovoamento efetivo da área.
Além do foco em habitação, o plano de requalificação abrange intervenções significativas no entorno:
* Mobilidade: Implementação de 5 km de novas ciclovias e melhorias em calçadas e vias.
* Lazer e Cultura: Criação de decks à beira do Rio Capibaribe, uma cinemateca e um palco flutuante, transformando a relação da cidade com o seu principal curso d’água.
* Economia Criativa: Incentivo a novos negócios e instalação de quiosques padronizados para o comércio de rua.
A meta é clara: resgatar a vitalidade do Centro, impulsionando um novo ciclo econômico e social. Segundo defensores da proposta, o projeto vai além da simples reforma, representando um “resgate para a cidade e para o País”, e é visto como o coroamento do esforço de recuperação do Centro.
Embora o modelo de PPP garanta a responsabilidade da empresa vencedora da licitação pela manutenção urbana e conservação dos espaços públicos por até três décadas, o projeto também gera debates entre especialistas, que destacam a necessidade de um monitoramento rigoroso por parte do poder público para garantir que os benefícios se estendam a todos os atuais e futuros usuários da área, evitando a criação de um mero “fragmento urbano de prosperidade”. O desafio, portanto, é conciliar o desenvolvimento imobiliário com a inclusão social e a preservação do patrimônio.





