Nicolas Sarkozy, presidente da França entre 2007 e 2012, tornou-se nesta terça-feira (21/10) o primeiro ex-chefe de Estado francês a iniciar o cumprimento de pena desde a Segunda Guerra Mundial.
Condenado a cinco anos de prisão pelo envolvimento no esquema ilegal de financiamento de sua campanha eleitoral com recursos do ex-ditador líbio Muammar Khadafi, Sarkozy ocupa uma cela isolada na penitenciária de La Santé, em Paris.
A sentença, proferida após anos de investigações, envolve a comprovação da associação criminosa entre Sarkozy e seus assessores Brice Hortefeux e Claude Guéant, que negociaram com representantes do regime líbio para garantir aportes ocultos à campanha de 2007. Apesar de absolvê-lo da acusação de ter recebido dinheiro diretamente, a justiça entendeu que ele participou efetivamente da articulação do esquema.
Desde 1945, quando o líder colaboracionista Philippe Pétain foi preso por traição, nenhum antigo presidente francês havia sido encarcerado. A única exceção anterior foi o rei Luís 16, detido antes de sua execução em 1793.
A transferência de Sarkozy para La Santé foi acompanhada por uma carreata de apoiadores convocada pelo seu filho Louis, e o ex-presidente mantém firme seu discurso de inocência, classificando o caso como um ato de vingança política.
Sarkozy deu entrevistas logo antes de entrar na prisão, afirmando que manterá a cabeça erguida e não teme a detenção. Na cela isolada que ocupa, ele terá instalações básicas, incluindo banheiro, chuveiro e uma pequena televisão, além de direito a uma hora diária de exercício individual. Sua segurança é prioridade confirmada pelo ministro da Justiça, Gérald Darmanin, que visitará o ex-presidente para garantir o respeito à integridade dele.
O atual presidente Emmanuel Macron recebeu Sarkozy no Palácio do Eliseu recentemente e reconheceu a complexidade humana da situação. Enquanto recorre da sentença, o ex-líder afirmou que continuará a luta na Justiça para provar sua inocência e escolheu para acompanhar o encarceramento a leitura de “A Vida de Jesus” e “O Conde de Monte Cristo”, obra emblemática sobre injustiça e vingança.
Este momento marca um divisor de águas no panorama político francês, ressaltando a intensidade do combate à corrupção, mesmo quando envolve figuras de maior prestígio nacional.