Pichações espalhadas em postes, muros e até fachadas de casas no Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife, se tornaram o retrato mais visível de uma tensão que cresce na capital. A sigla “CV”, atribuída ao Comando Vermelho, acompanha relatos de tiroteios recentes e a prisão de um suspeito apontado como fornecedor de armas para traficantes locais.
Na madrugada de 18 de setembro, moradores viveram horas de pânico quando disparos atingiram residências e deixaram ao menos um ferido. Um dia depois, a Polícia Civil encontrou na casa de um suspeito munições, drogas e equipamentos usados no tráfico. Em depoimento, ele admitiu que o bairro está em disputa e citou a presença do CV.

Os episódios não são isolados. Em comunidades próximas, como Vasco da Gama e Nova Descoberta, confrontos e execuções também vêm sendo associados à tentativa de avanço da facção carioca. Uma mensagem atribuída ao grupo, que circula desde julho no WhatsApp, afirma que o CV “entrou na cidade para ficar”.
A Secretaria de Defesa Social, no entanto, mantém a posição de que não há facções nacionais instaladas em Pernambuco, mas sim quadrilhas locais que compram drogas de fornecedores de fora. A resposta do governo incluiu reforço no policiamento com unidades de elite e novas operações da Polícia Civil.
Entre o discurso oficial e o que se vê nas ruas, a disputa parece estar em curso. Para especialistas em segurança, o que está em jogo não é apenas o controle do comércio de drogas, mas também a marca de poder que uma sigla carrega quando riscada em cada muro da cidade.





