Em um cenário político cada vez mais polarizado, a questão da segurança pública se tornou um novo campo de tensão entre as alas ideológicas. Após o anúncio de um “Consórcio da Paz” articulado por governadores de centro-direita, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), adotou uma postura de moderação, minimizando a cisão.
Rodrigues, um dos líderes da esquerda no Nordeste, enfatizou a necessidade de união suprapartidária no combate ao crime organizado. “O bandido bom é bandido preso; o momento é de somar forças, e não entrar no mérito de ser de esquerda ou direita”, declarou o governador. Ele defendeu que a única forma de superar a criminalidade é através da cooperação sincera e sem interesses políticos menores, alinhando-se à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso.
A iniciativa de Rodrigues e de outros governadores de esquerda de focar na cooperação visa esvaziar o tom eleitoral e confrontativo que marcou a criação do consórcio rival. Eles ressaltam que o sucesso no enfrentamento a grupos criminosos, como o chamado “novo cangaço”, já demonstra a eficácia das ações integradas entre estados de diferentes espectros políticos.
Reação do PT: Gleisi Conecta Crise de Estatais à Geopolítica
No plano federal, o governo e a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) reagiram à articulação da direita com duras críticas. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, elevou o tom ao conectar a crise de segurança e a atuação da direita com uma suposta pressão externa sobre o Brasil.
Gleisi afirmou que a direita estaria agindo como incentivadora para que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adote uma postura intervencionista em relação às estatais brasileiras. A acusação, que faz parte de uma retórica mais ampla sobre a soberania nacional e a gestão de empresas públicas, sugere que o objetivo seria desvalorizar ativos estratégicos e abrir caminho para interesses internacionais, como o acesso a minerais essenciais.
A líder petista argumentou que os governadores de oposição, ao invés de apoiarem a PEC da Segurança Pública de Lula, estão “tentando usar a crise para atuar como cavalo de Troia de forças que não querem o melhor para o Brasil.”
O embate revela que a segurança pública e a economia estatal são pautas centrais que polarizam o debate político, com a esquerda buscando conciliação prática no combate ao crime, enquanto critica a oposição por introduzir divisões ideológicas com um potencial custo geopolítico.





