Em uma votação que sublinha as tensões em Washington, o Senado dos Estados Unidos aprovou na última terça-feira (28) uma resolução para revogar as tarifas de 50% aplicadas sobre produtos brasileiros. A medida, que busca desarticular a base legal do chamado “tarifaço”, a declaração de emergência nacional imposta pela Casa Branca em julho, foi aprovada por 52 votos a 48, consolidando uma expressiva derrota simbólica para o presidente Donald Trump.
O resultado da votação foi possível graças ao apoio de um pequeno, mas decisivo, grupo de cinco senadores do Partido Republicano, que se juntaram à bancada democrata. Essa aliança surpreendente evidencia uma insatisfação crescente dentro do próprio partido de Trump com a utilização de instrumentos de emergência para fins que muitos consideram serem motivados por política externa e ideológica, ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um dos republicanos dissidentes, o senador Thom Tillis, criticou publicamente a justificativa do governo. Ele argumentou que as razões apresentadas pelo Executivo não oferecem um suporte adequado para justificar a sobretaxa imposta às importações brasileiras. O movimento no Congresso reflete uma preocupação de que a Casa Branca esteja excedendo sua autoridade comercial ao usar a declaração de emergência de maneira discricionária.
Apesar do forte sinal político emitido pelo Senado, as barreiras tarifárias contra o Brasil permanecerão inalteradas por enquanto. A resolução agora segue para a Câmara dos Representantes, onde enfrenta um obstáculo intransponível no curto prazo.
A Câmara, de maioria republicana e com apoio mais alinhado à agenda do presidente, já se posicionou no sentido de bloquear qualquer proposta para derrubar as tarifas de Trump até, pelo menos, março do próximo ano.
Portanto, o voto no Senado configura-se mais como um ato de pressão legislativa e um termômetro da política interna americana do que como uma solução imediata para os exportadores brasileiros.
As tarifas de 50% seguem vigentes, mas o placar acirrado e a manifestação bipartidária sinalizam que o tema das sobretaxas e o escopo dos poderes presidenciais em disputas comerciais devem continuar no centro do debate político e econômico em Washington





