Em um golpe cirúrgico contra o extremismo doméstico, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), por meio de sua célula cibernética, o CyberGAECO, deflagrou nesta sexta-feira (31/10) a inédita Operação Nuremberg. A ofensiva mira a desarticulação de um dos mais articulados e perigosos grupos neonazistas em atuação no território nacional.
A operação, coordenada a partir de Florianópolis e executada em apoio às Promotorias de Justiça 39ª e 40ª, cumpre um total de 21 mandados de busca e apreensão. A capilaridade da célula extremista ficou evidente na abrangência territorial da ação, que alcançou dez cidades em quatro estados: São Paulo (nas cidades de São Paulo, Campinas, Osasco e Taboão da Serra), Paraná (Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária), Santa Catarina (Cocal do Sul e Jaraguá do Sul) e Sergipe (Aracaju).
Durante as diligências, as autoridades confiscaram um vasto arsenal de provas, incluindo materiais ostensivos de apologia ao nazismo, armas brancas diversas, facas e um “soco inglês”, indicando o potencial de violência do grupo.
O inquérito conduzido pelo Ministério Público (MP) desvendou a sofisticada estrutura da organização, que se autodenominava skinheads neonazistas. Não se tratava de um ajuntamento casual, mas de um organismo com hierarquia definida, processo de recrutamento metódico e distribuição de tarefas entre os integrantes. O grupo realizava encontros físicos periódicos para reforçar sua doutrina de supremacia branca, planejar agressões e conduzir rituais de “batismo” para novos membros.
A simbologia adotada é um manifesto de agressividade: o “Sol Negro”, uma figura associada ao ocultismo nazista e à ideologia ariana, era ostentado com um fuzil AK-47 em seu centro, expressando, segundo o próprio grupo, a exaltação da violência e do racialismo.
Um dos aspectos mais preocupantes da investigação é a constatação de que o grupo produzia e disseminava ativamente propaganda de ódio e antissemitismo em fóruns digitais e redes sociais, utilizando-se de perfis falsos para maximizar o alcance de suas mensagens e burlar mecanismos de rastreamento.
Outra revelação crucial do MP é a diversidade de perfis dos investigados, que abrangem diferentes formações acadêmicas e ocupações profissionais. Tal fato sublinha a perigosa penetração da ideologia radical em múltiplos estratos da sociedade.
O núcleo da organização também operava com um sistema de financiamento interno: membros oficialmente “batizados” estavam sujeitos a mensalidades obrigatórias. Os recursos eram canalizados para a produção de material propagandístico, cobertura de custos internos e manutenção das atividades da rede extremista.
Em nota oficial, o Ministério Público de Santa Catarina reafirmou o compromisso institucional com a salvaguarda do Estado Democrático de Direito. A instituição enfatiza que “discursos de ódio, antissemitismo e incitação à violência representam ameaças graves e serão combatidos com rigor”.
A escolha do nome “Nuremberg” não é aleatória, fazendo uma referência direta aos históricos julgamentos pós-Segunda Guerra Mundial, que estabeleceram as bases para a punição de crimes de intolerância e extremismo. O nome batiza a operação com um simbolismo de responsabilização perante a justiça contra ideologias antidemocráticas.
Os artefatos coletados foram direcionados à Polícia Científica para análise pericial. O CyberGAECO segue empenhado na minuciosa análise das evidências digitais para identificar cúmplices e traçar o quadro completo da rede criminosa.
 
				 
											




