O Grupo Casas Bahia, gigante do varejo nacional, enfrenta um cenário de intensa pressão financeira que se materializa agora em disputas judiciais de peso na capital baiana. A varejista se tornou ré em duas ações de despejo movidas por grandes shopping centers de Salvador, que cobram uma soma superior a R$ 2,5 milhões em aluguéis e encargos atrasados. Tais processos, em tramitação no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), sublinham as dificuldades operacionais da empresa em um mercado desafiador.
As demandas judiciais revelam a extensão dos débitos. No Shopping da Bahia, o Consórcio Naciguat, representando os proprietários, protocolou uma ação cobrando o inadimplemento do aluguel de agosto de 2025, além de parcelas condominiais e contribuições à associação de lojistas, totalizando R$ 373.622,62. O valor da causa, no entanto, alcança a cifra expressiva de R$ 2.292.519,60. Um ponto crucial neste caso é a ausência de fiador no contrato de 2021, o que leva os autores a pleitearem que a própria dívida sirva como caução para uma ordem de despejo liminar.
Pouco depois, o Condomínio Shopping Barra iniciou um segundo processo, referente a débitos de aluguéis e taxas, incluindo IPTU, acumulados entre julho e outubro de 2025. O valor atualizado da dívida é de R$ 222.063,93, com o valor da causa estabelecido em R$ 241.143,84. Esta locação, com contrato renovado até 2031, conta com a garantia da fiadora Globex Administração e Serviços Ltda.
É importante ressaltar que o Grupo Casas Bahia, que opera sob o nome Via Varejo S/A, já havia sido alvo de uma ação similar do Salvador Shopping no início de outubro.
Essas múltiplas ações de despejo na Bahia se encaixam em um contexto mais amplo da situação financeira delicada do Grupo, que tem reportado prejuízos crescentes e uma pesada dívida financeira. A companhia passou por um processo de recuperação extrajudicial para alongar débitos e tem tentado uma reestruturação operacional focada em rentabilidade, corte de custos e ampliação do crediário. Contudo, os números do primeiro e segundo trimestres de 2025 indicaram um aumento do prejuízo líquido (R$ 408 milhões no 1T25 e R$ 555 milhões no 2T25), com o resultado financeiro pressionando fortemente o balanço. A gestão da liquidez e o cumprimento de obrigações como os aluguéis de lojas em grandes centros comerciais se tornam, assim, termômetros da eficácia e do ritmo dessa reestruturação.
A retomada de imóveis em shoppings de grande fluxo, como os envolvidos nas ações, representaria um duro golpe na estratégia e na presença de mercado da Casas Bahia no Nordeste, evidenciando as escolhas difíceis que a varejista precisa fazer para reverter seu quadro de perdas e estabilizar as operações.





