No palco que já viu dramas épicos, o Estádio Rodrigo Paz Delgado, batizado em homenagem a um dirigente visionário, presenciou na noite de quinta-feira o pesadelo palmeirense, um conto de terror em 45 minutos que faria até Alfred Hitchcock coçar a cabeça. A LDU não apenas venceu, ela fez o Palmeiras de Abel Ferreira parecer uma versão desbotada de si mesmo, um time que trocou a pose de gigante continental por um papel de coadjuvante atônito.
O placar de 3 x 0 no intervalo foi um tapa na cara da mística alviverde. Logo aos 16 minutos, Gabriel Villamil, com a frieza de um matador, recebeu de Leonel Quiñónez e mandou a bola cruzada para abrir o caixão: 1 x 0.
A “mão de Deus” equatoriana veio pouco depois. Aos 27, o árbitro Facundo Tello, sem pestanejar, marcou o pênalti de Andreas Pereira, sim, ele mesmo, o fantasma da final da Libertadores teima em assombrar o imaginário do futebol brasileiro. Lisandro Alzugaray agradeceu a gentileza e converteu a penalidade, transformando a desvantagem em um 2 x 0 que já tinha cheiro de missão quase impossível.
Mas o roteiro reservava mais um soco no estômago. Nos acréscimos, Bryan Ramírez dançou na ponta, ignorou uma defesa perdida e serviu Villamil. O segundo dele, o terceiro da LDU. Um 3 x 0 que não apenas incendeou a torcida local, mas jogou uma pá de cal nas esperanças do “Verdão” de ter uma noite tranquila na capital equatoriana.
A altitude de Quito, tradicionalmente culpada por atuações pífias, pode até ter dado um empurrãozinho, mas a verdade é que o Palmeiras não viu a cor da bola, não exibiu a disciplina tática habitual e, pior, pecou em erros primários. Se o time de Abel Ferreira não fizer mágica no jogo de volta, essa semifinal será lembrada não pela glória, mas pela noite em que a LDU provou que a mística da Libertadores está acima de qualquer planejamento e, às vezes, até da lógica.
A volta em São Paulo? É um Everest a ser escalado sem oxigênio.





