Neste 4 de novembro, Dia da Favela, o foco se afasta dos estigmas e se volta para a potência econômica e social que pulsa nas comunidades periféricas brasileiras. Longe de serem apenas um desafio urbano, as mais de 13,5 mil favelas do país se consolidam como um motor de desenvolvimento, injetando anualmente cerca de R$ 300 bilhões na economia nacional, segundo o Instituto Data Favela. Mais de 5,2 milhões de moradores estão à frente de seus próprios negócios, transformando a adversidade em oportunidade e gerando valor de “dentro para fora”.

A criatividade e a resiliência são a matéria-prima dessa inovação. O carioca Anderson Marcelo, por exemplo, viu na recusa de serviços de entrega em comunidades a faísca para criar a ‘Delivery das Favelas’. Sua startup não apenas resolve um problema logístico, garantindo que produtos cheguem a quem historicamente é excluído, mas também oferece dignidade, ostentando um índice de zero sinistro em quatro anos de operação.

A superação é uma marca comum. May Tully, moradora do Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro, transformou um acidente que a obrigou a reavaliar sua carreira em um negócio de arte com impacto ambiental e social. Ao invés de descartar, ela utiliza maquiagens e suas embalagens como insumo para a pintura de quadros. O hobby virou um empreendimento formalizado, reforçado pelo apoio e capacitação de instituições como o Sebrae.
O Sebrae, por meio de iniciativas como o Programa Plural, tem sido um facilitador para o florescimento dessa vocação empreendedora. A entidade reconhece o potencial econômico e social dos territórios e adapta suas ferramentas para as realidades locais, atuando do Maranhão ao Rio Grande do Sul. Embora não conceda crédito diretamente, o Sebrae orienta os empreendedores sobre o microcrédito disponível em bancos comunitários e atua como uma ponte estratégica para que grandes empresas estabeleçam parcerias comerciais com os negócios da quebrada, facilitando a formalização e o desenvolvimento de produtos.

De acordo com Alessandra Ciuffo, gestora nacional do Programa Plural, a instituição estimula o surgimento de negócios que vão além do lucro, focando no impacto social positivo na própria comunidade. O setor de alimentação é um dos pilares desse motor financeiro, respondendo por 15% dos empreendimentos locais, mas a economia criativa, a reciclagem e as soluções para problemas urbanos também se destacam, reafirmando que o protagonismo e as soluções para o Brasil podem, e devem, emergir das favelas.






