Missão quase impossível. Sport leva César Lucena e 25 anos de tabu para o Maracanã; o Flamengo, apenas mais três pontos no bolso.

O Interino na arena da formalidade: Sport leva César Lucena e 25 anos de tabu para o Maracanã; o Flamengo, apenas mais três pontos no bolso.

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​O confronto entre Flamengo e Sport no Maracanã, válido pelo Campeonato Brasileiro, transcende a categoria de jogo de futebol; é um evento com ares de piada existencial. De um lado, o time carioca, vice-líder, que luta centímetro por centímetro pela ponta da tabela, vivendo a opulência e o estrelato que o futebol moderno permite. Do outro, o Sport Club do Recife, que, com 17 pontos e o lanterna cravejado na camisa, carrega um prognóstico de rebaixamento de 99,94%, segundo a matemática da queda. A partida, em suma, não é sobre rivalidade, mas sim sobre a formalidade da entrega de mais três pontos ao clube da Gávea.

A situação do Leão da Ilha, que se arrasta na zona da degola com a dignidade ferida, ganhou um novo capítulo melancólico com a saída do técnico. Para a ingrata tarefa de enfrentar o poderio rubro-negro no Rio, a diretoria recorreu ao “homem-bomba” da vez: César Lucena. O auxiliar, elevado à condição de interino, aceita uma missão que beira o diplomático: garantir que a campanha termine “de forma honrosa”. Honra, neste contexto, significa evitar uma goleada vexatória que se eternize em compilações de YouTube. Lucena não é um técnico, é o almirante de um navio que, comprovadamente, está afundando, e sua presença serve mais para o paliativo emocional do que para a revolução tática.

O peso da história, como de costume, chega para esmagar as chances mínimas de surpresa. O Sport visita o Maracanã com um tabu de 25 anos sem saber o que é vencer o Flamengo em solo fluminense. A última vitória remonta a uma longínqua Copa João Havelange, época em que o elenco carioca ainda não contava com o trio de zaga Rossi, Royal e Danilo ou o meio-campo de criadores como Arrascaeta. Hoje, o time de Lucena, que lida com suspensões e desfalques (como Zé Welisson e Hernane, conforme o noticiário), enfrenta uma máquina ajustada, que usa o Brasileirão como spa de luxo antes da próxima batalha pelo título.

A diferença de 44 pontos na tabela é menos um número e mais um abismo conceitual. O Maracanã espera a formalidade. Os torcedores do Sport, os que ainda se dispõem a acompanhar o drama, talvez só queiram saber se o placar será apenas dilatado ou se alcançará a escala de vareio histórico. No fim das contas, a luta do Leão não é mais contra os adversários, mas contra a própria inércia. E César Lucena, o interino enviado ao matadouro com um ramalhete de esperança, fará o que é possível: manter a cabeça erguida enquanto a tabela garante o inevitável.

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