O Boss está deprimido e o cinema brasileiro, assombrando: Bruce Springsteen pede socorro enquanto o terror nacional dá o grito

Esqueçam as abóboras e as fantasias: a verdadeira obra de arte desta semana é um drama musical melancólico e uma safra macabra que prova que o Brasil não tem medo de fantasmas.

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(L-R) Jeremy Allen White as Bruce Springsteen in 20th Century Studios' SPRINGSTEEN: DELIVER ME FROM NOWHERE. Photo by Macall Polay. © 2025 20th Century Studios. All Rights Reserved

O Boss que nos perdoe, mas o calendário cinematográfico desta semana parece mais uma sessão de terapia coletiva do que uma festa de Halloween. Enquanto a molecada se esbalda em filmes de sustos genéricos, a grande sacada dos cinemas é a cinebiografia “Springsteen: Salve-me do Desconhecido”. Jeremy Allen White, o aclamado ator de “O Urso”, troca o avental sujo pelo violão sujo, interpretando um Bruce Springsteen no ápice da depressão e da contrariedade criativa.

O filme se debruça sobre o processo de gestação do álbum Nebraska, de 1982. Pense na cena: a gravadora Columbia esperando o sucessor estrondoso de The River, e o artista, recluso, sozinho em um quarto, gravando demos confessionais em um equipamento precário. Um ato de rebeldia íntima que virou uma obra-prima de introspecção, totalmente acústica e sombria, que desviava do glamour do rock de arena que o esperava. É quase um escândalo pop: um astro se recusando a brilhar, optando pela escuridão de uma fita cassete. Uma atitude tão punk quanto se poderia esperar de um cantor de folk melancólico.

A Sombra do Terror Sai das Catacumbas de Hollywood

Mas, claro, a temporada de sustos não poderia ser totalmente ignorada. Se o Bruce nos brinda com o terror existencial, o hall de terror mesmo está garantido, e, para alegria dos céticos, com uma forte dose de cinema tupiniquim.

A produção nacional, antes conhecida por dramas sociais e comédias rasteiras, finalmente está firmando seu pé no pântano do horror. Ao que parece, o Brasil está aprendendo a conviver com seus próprios fantasmas. Títulos como “O Porão da Rua do Grito” e a estreia exclusiva “A Própria Carne”, uma aposta do Jovem Nerd dirigida por Ian SBF, confirmam que o gênero não é mais apenas uma cópia pálida dos slashers americanos. Pelo visto, o público está pronto para trocar as assombrações de Transilvânia por um bom e velho terror histórico brasileiro.

Assim, enquanto Jeremy Allen White nos lembra que a genialidade muitas vezes reside na tristeza e na teimosia, a produção nacional nos mostra que o único monstro que devemos temer é o tédio. Definitivamente, há vida inteligente além do remake de Halloween.

 

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