A bolsa de apostas do Senado em Pernambuco: o preço da estrutura e a dicotomia inevitável

​No tabuleiro polarizado de 2026, a moeda de troca é o tempo de TV

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​A corrida pelo Governo de Pernambuco em 2026 desenha-se com a previsibilidade de um clássico nordestino: a polarização inegável entre a governadora Raquel Lyra e o prefeito do Recife, João Campos. O embate entre o PSB e o PSD, com ambos flertando com a base lulista, estabelece um muro de contenção que dificilmente será quebrado por uma terceira via.

​No entanto, se a disputa pelo Executivo tem contornos definidos, o pleito para o Senado, que oferece duas cadeiras, transformou-se em um grande mercado de postulantes. É um cenário de concorrência massiva, onde a falta de diferenciação entre os nomes transforma a mera intenção de voto em um dado volátil. A presença de Humberto Costa, que se posiciona com o apoio do presidente Lula e deve ser oficializado como o primeiro nome da Frente Popular, traz alguma clareza, mas a segunda vaga é o verdadeiro campo aberto.

​Nesse ambiente de intensa competição, os bastidores são dominados por um único elemento de desequilíbrio: a estrutura eleitoral. Nomes como o de Marília Arraes, embora bem cotados, sofrem com o desafio de construir uma campanha sem a máquina partidária necessária, além das naturais complicações de parentesco na mesma aliança.

​É neste ponto que o deputado federal Eduardo da Fonte (União Progressista) emerge como o agente catalisador da eleição. Seu indiscutível poder político não reside apenas em votos, mas principalmente na capacidade de injetar musculatura em qualquer chapa majoritária. Ele detém o tempo de televisão e o Fundo Eleitoral da União Progressista, ativos que o tornam o player mais forte para negociar a vaga do Senado em ambos os palanques.

​Para o favoritismo de João Campos, sua adesão significaria a consolidação da vantagem com um aporte financeiro e logístico crucial. Para Raquel Lyra, sua permanência na base seria vital para tracionar a campanha de reeleição, garantindo capilaridade no interior através dos prefeitos alinhados à governadora. A relevância de Da Fonte é tamanha que sua decisão será o fator determinante para desenhar o mapa político de Pernambuco em 2026.

​A recente aparição pública de João Campos ao lado do ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) no Aeroporto do Recife é um aceno claro. Mais do que um ato institucional, a parceria visou pavimentar o caminho do ministro, que almeja ser o segundo senador da chapa liderada pelo prefeito, reforçando a aliança com a base lulista.

​Historicamente, a força do Executivo em Pernambuco se traduz na capacidade de eleger nomes expressivos para a Câmara Federal, os chamados “puxadores de voto”. Governadores reeleitos, como Jarbas Vasconcelos, Eduardo Campos e Paulo Câmara, tiveram seus partidos emplacando os deputados federais mais votados, demonstrando que a máquina governamental é crucial na formação de bancadas robustas.

​Enquanto os arranjos de chapa seguem a todo vapor, a governadora Lyra busca mostrar resultados concretos, como o anúncio da antecipação da segunda fase de investimentos no terminal de contêineres de Suape para 2027. É um movimento estratégico para atrelar sua imagem ao desenvolvimento econômico e à geração de emprego no estado.

​Na política municipal, os gestos de alinhamento se multiplicam, como o café da manhã que o prefeito de Camaragibe, Diego Cabral, oferecerá ao governador em exercício, Ricardo Paes Barreto. E no sertão, os holofotes se voltam para Salgueiro, com a iminente divulgação da pesquisa DataTrends sobre a gestão do prefeito Fabinho Lisandro e a avaliação da própria governadora. Cada movimento, seja em Copenhague ou no Agreste, é uma peça no complexo xadrez rumo a 2026.

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