Não é todo dia que uma escada rolante vira palco para o grande assalto do século e, de brinde, ainda impulsiona uma campanha publicitária. Mas a Böcker Maschinenwerke GmbH, fabricante alemã com um talento inquestionável para transformar um roubo histórico em marketing viral, mostrou que, com criatividade (e uma pitada de cinismo), até roubo bilionário é oportunidade de venda.
Após os ladrões colocarem as mãos nas joias da coroa francesa e fugirem escorregando pelo “tapete mágico” da Böcker até a varanda da Galeria de Apolo, a empresa não perdeu tempo: publicou nas redes sociais a “estrela” do crime, com um slogan digno dos grandes gurus da propaganda: “Quando você precisa se mover rápido”. Ah, claro, que tática genial: inspira confiança nos ladrões e nos transportadores de móveis, simultaneamente.
O diretor Alexander Böcker ainda teve a pachorra de explicar que “foi um toque de humor” para capitalizar na infâmia. É criatividade ou desfaçatez? Seja como for, a campanha é um primor de ironia fina. Quem diria que um equipamento vendido “há alguns anos” para um cliente francês (que aluga para eventos, segundo o próprio chefão) se tornaria o Uber clandestino das joias roubadas?
Enquanto o Louvre repara suas câmeras “envelhecidas” e admite que falhou em estilo digno de um roteiro de filme, a Böcker coleciona elogios; “excelente, isto é qualidade alemã” e memes de “gênio do marketing”. Afinal, nada como um crime de luxo para mostrar que seu produto é confiável até para criminosos de alta classe.
O curioso é que os verdadeiros protagonistas desse folhetim não são mais os ladrões, mas sim a escada. Agora, com ela, a Böcker garante publicidade grátis para um público que nem existia: fãs de roubos audaciosos e memes de empresa que domina a arte da autopromoção.
Na indústria, a lição da Böcker é clara: não importa se seu produto ajuda criminosos a fugirem com bagagens milionárias. O importante é como você vende a história, e ninguém faz isso melhor quando coloca o humor no comando, mesmo que seja o humor de um elevador que caiu direto no ‘tapete vermelho’ do crime internacional.
