PL de Bolsonaro e Hugo Motta aliviam pressão pela anistia de condenados do 8 de Janeiro com novo acordo

Em movimento estratégico, oposição e líderes da Câmara concordam em postergar a votação da anistia até assegurar apoio consistente do centro político.

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O Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro adotou uma postura de afrouxamento momentâneo na pressão pela inclusão na pauta da Câmara do projeto de anistia aos condenados pelos eventos do 8 de Janeiro, após um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Durante a reunião de líderes da Câmara desta terça-feira (21), foi notável a ausência de cobranças por parte da oposição para que Motta pautasse o projeto, surpreendendo deputados de esquerda acostumados com o posicionamento mais incisivo dos bolsonaristas.

Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL, explicou que o acordo prevê a construção prévia de uma base de apoio sólida entre parlamentares de centro antes de retomar a pressão para a votação. Segundo ele, a estratégia é garantir “mais de 290 votos” para aprovar a anistia de forma ampla, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, o que poderia restaurar sua elegibilidade para disputas eleitorais.

A anistia contempla também outros réus ligados à contestação eleitoral, promovendo, na visão da oposição, uma “reconciliação” e estabilidade institucional.

Hugo Motta, que vinha resistindo a pautar o tema para evitar conflito com o Supremo Tribunal Federal, sinalizou que o tema precisa ser enfrentado em algum momento, mas a preferência é pela construção de consenso para evitar uma crise institucional. A relatoria do projeto da anistia, liderado pelo deputado Paulinho da Força, ainda enfrenta impasses e negociações, principalmente junto às bancadas do centro, e aguarda um desfecho do relator para entrar na pauta.

Essa nova fase do debate político representa uma trégua tática, com a oposição evitando cobranças imediatas para garantir um ambiente favorável, pautado por negociações mais amplas. A articulação demonstra a complexidade do tema, que envolve não apenas uma questão jurídica, mas também o equilíbrio do jogo político no Congresso, com o receio de confrontos com o STF e a busca por uma solução de médio prazo que contemple diferentes interesses e evite instabilidade.

Assim, a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro permanece como uma pauta crítica e sensível, cuja votação será retomada apenas quando houver consenso suficiente para aprovar uma versão ampla, com significativa base de apoio na Câmara, mostrando o protagonismo do centrão nesse capítulo da política nacional, sob o olhar atento da opinião pública e do sistema judicial.

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