Em sua estreia na Série A, o Mirassol resolveu bagunçar o baile dos grandalhões e já deixou sua marca de respeito. Com 35 pontos e um aproveitamento de 58% após 20 rodadas, o time do interior paulista quebrou o recorde de melhor estreante desde que o Brasileirão adotou o formato de pontos corridos, em 2003. Superou até o tal Grêmio Barueri, que em 2009 obteve “modestos” 31 pontos com 51% de aproveitamento. Ou seja: enquanto o Barueri fazia olé, o Mirassol já dava van à la Fórmula 1 no campeonato.
O feito chama atenção especialmente pela campanha sólida, até porque, convenhamos, subindo da Série B, ninguém espera que sua estreia seja um festival de gols e bons resultados. E, se a matemática não está errada, para superar de vez a façanha do Barueri (que acabou em 11º lugar naquela edição), o Leão ainda precisa somar 15 pontos nas próximas 18 partidas, missão difícil, mais difícil do que, para alguns, encontrar sinceridade onde a vantagem fala mais alto.
Além do ponta-pé histórico, o Mirassol sonha em entrar para o seleto grupo dos estreantes que chegaram atirando para fora: só Grêmio Barueri e Cuiabá conseguiram a proeza de garantir vaga em competição internacional já no primeiro ano. Ficar pelo menos entre os dez primeiros e garantir uma vaguinha na Sul-Americana seria um golaço e tanto para o time que surpreende sem fazer barulho.
Enquanto isso, planetas distantes como Brasiliense e Ipatinga já amargam o gostinho ruim do retorno à Série B, um lembrete cruel de que nem todo estreante sobrevive na elite. Por essa lógica, o Mirassol não chega para pegar sol, mas para brilhar. Prova maior: a recente goleada por 5 a 1 sobre o Bahia, um recado claro aos rivais: esse Leão do interior veio para caçar presas maiores. E eu nem vou falar do 3 x 0 em cima do gigante São Paulo, com um gol relâmpago (35 segundos), que tirou o Diamantinho de tempo.
O próximo desafio no calendário amarelo e verde será contra o Sport, na casa do Leão da Ilha, no sábado dia 25 de outubro. Se o Leão da Alta Araraquense continuar a caça, é bom avisar aos pernambucanos: o roteiro não tem final feliz garantido para os donos da casa.
Queridinho da sequência, o Mirassol prova que, no Brasileirão, à sombra dos gigantes, também brotam surpresas. Se o sonho internacional virar realidade, pode começar a escrever outra página da história dos caçulas que sabem arranjar um susto no coração do torcedor e talvez na carteira dos cartolas.
