Raquel Lyra cobra oposição responsável enquanto PSDB abandona base no Legislativo pernambucano

Em ato no Museu do Trem, governadora reafirma apelo à cooperação institucional. Afastamento formal do PSDB marca nova configuração política na Alepe e evidencia tensão rumo a 2026.

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Foto: Igor Maciel

Na manhã desta terça-feira (7), durante evento no Museu do Trem, no Recife, a governadora Raquel Lyra (PSD) dirigiu uma mensagem clara à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe): “É legítimo que haja oposição em uma democracia, mas não que ela se converta em obstáculo ao progresso do estado”. Ao assinar a ordem de serviço para restauração do espaço, ela afirmou que a oposição não pode “travar o desenvolvimento” nem interferir na obtenção de recursos para projetos de lei que estão em diálogo com a população.

A declaração ocorre em meio a uma guinada política recente: no dia 29 de setembro, o PSDB estadual decidiu romper com o governo de Lyra e deixar a base aliada na Alepe, passando a atuar como bancada independente.  A mudança incluiu troca na liderança da bancada tucana, com o deputado Diogo Moraes assumindo lugar de Débora Almeida, aliada da governadora.

Embora o partido apresente autonomia agora, ele ainda conta com dois parlamentares tidos como leais a Lyra: Izaías Régis e Débora Almeida. Lyra disse evitar imiscuir-se em disputas partidárias internas, mas enfatizou que mantém diálogo institucional com a liderança da Casa, citando a deputada Socorro Pimentel (União Brasil), líder do governo no Legislativo.

Proposta de civilidade institucional

Durante seu discurso, a governadora também fez alerta a quem, em sua avaliação, tenta antecipar disputas eleitorais de 2026. Ela pediu que as disputas ocorram “no momento certo”, defendendo que prioridades devem seguir centradas no trabalho e no atendimento ao povo. “A gente foi eleita para trabalhar”, disse.

Apesar do tom de apelo à cooperação, a retórica de Lyra já havia sido incisiva em incidentes anteriores: em agosto, por exemplo, ao reagir a manobras que via como hostis da oposição, ela afirmou que a Alepe não é espaço para “intervenções que não dignificam” o povo pernambucano. E em junho, ao criticar discursos vazios, disse que “mudança não se faz com discurso”, exigindo união e foco nas ações.

Novos atritos à vista?

Do lado da oposição, já se fazem cobranças. O deputado Antônio Coelho (União Brasil) alertou que o governo prometeu 60 mil vagas em creches, mas não entregou nenhuma até agora. Aponta ainda que, das 250 unidades previstas, apenas 48 têm obras iniciadas, e que os desembolsos correspondem a apenas 1,46% do previsto.

Aliados da governadora também reagiram às resistências legislativas: o secretário de Turismo, Daniel Coelho, classificou algumas movimentações da oposição como tentativas de “atrapalhar Pernambuco” e pediu que se permita que a gestora avance em suas metas.

Enquanto isso, no plano institucional, a saída do PSDB fragiliza a base aliada da governadora, alterando equilibrações na Casa e abrindo espaço para negociações mais complexas entre governo e parlamento. A independência tucana já provoca reajustes no comando da CPI da Publicidade e nas comissões legislativas.

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