Mortes por metanol impulsionam ações em SP e PE enquanto autoridades alertam sobre bebida adulterada

Cinco mortes em São Paulo e duas em Pernambuco mobilizam fiscalização, uso emergencial de vodca hospitalar e investigação sobre possível esquema criminoso

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Foto: Freepik

Em São Paulo, o governo estadual confirmou cinco mortes resultantes de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas possivelmente adulteradas. Em Pernambuco, ao menos duas mortes com as mesmas características também são investigadas.

Diante da escassez nacional de antídotos eficazes contra intoxicação por metanol, hospitais em casos de emergência têm recorrido à administração de vodca por sonda como medida paliativa para “ganhar tempo” até garantirem os medicamentos recomendados. A informação foi confirmada pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp.

Segundo especialistas, o tratamento ideal envolve o uso de fomepizol, que é considerado o antídoto mais eficaz porque inibe diretamente a enzima álcool desidrogenase (ADH), responsável por converter o metanol em compostos tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico. Em situações em que não há disponibilidade de fomepizol, o etanol farmacêutico também é utilizado — ambos bloqueiam esse processo metabólico nocivo.

Contudo, o CIATox alerta que nem o fomepizol nem o etanol em concentrações apropriadas estão disponíveis em estoque suficiente no Brasil. Por isso, em determinadas emergências, a vodca, por ter teor alcoólico padronizado, é usada como alternativa temporária, sempre sob rigoroso controle médico e nos parâmetros técnicos adequados.

Todo uso desse recurso deve ocorrer em ambiente hospitalar e com supervisão especializada, uma vez que ele não é um tratamento definitivo, mas uma medida para conter a progressão da intoxicação até que os antídotos recomendados estejam disponíveis.

Em resposta à crise, um bar na capital paulista foi interditado pela Polícia Civil e pela vigilância sanitária. Enquanto isso, vários bares têm usado redes sociais para acalmar clientes sobre a segurança de seus produtos. Clubes paulistanos, como o Juventus, suspenderam temporariamente a venda de bebidas destiladas para associados.

O governo de São Paulo, afirmou não haver evidências de envolvimento do PCC, embora a Polícia Federal mantenha todas as linhas de investigação em aberto.

No estado, foram apreendidas mais de 112 garrafas de vodca suspeitas, com destaque para ocorrências no bairro da Mooca. Também foi ampliada a vigilância sobre bares, distribuidoras e a origem das bebidas adulteradas.

Com o cenário ainda em desenvolvimento, as autoridades reforçam o alerta: diante de sintomas como visão turva, confusão mental ou dores abdominais após ingestão de bebida alcoólica, buscar atendimento imediato pode ser decisivo para evitar danos irreversíveis.

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