Grande guru do anedotário político nacional, Tancredo Neves dizia que “nada agrega mais em política do que a expectativa de poder”. O mesmo Tancredo que, na sua rara sabedoria, também ensinava que “vice bom é o que não tira votos”.
Em Campina Grande, apesar de vários políticos e partidos disputarem o posto de vice na chapa do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) na busca pela cadeira do atual prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil) em outubro, cresce a convicção no entorno do ex-prefeito que o escolhido deveria ser o deputado estadual Inácio Falcão (PCdoB).
A composição configuraria uma chapa com duas cadeiras, uma de federal e outra de estadual, para redistribuição eleitoral em 2026. Nome mais cotado para ser o vice de Romero, até decidir permanecer no PSDB, o deputado estadual Tovar Correia Lima tem atuado, de forma discreta, para executar a ideia. Tovar e Inácio foram colegas por duas legislaturas como vereadores e estão na terceira como deputados estaduais.
O plano é evitar qualquer tomada de decisão até o período de convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto, para não antecipar o debate eleitoral numa conjuntura até aqui marcada por favoritismo do ex-prefeito. O diagnóstico é de que a escolha do vice já representa um processo de sucessão.
Ao contrário das outras duas vitórias que teve para a prefeitura de Campina, em 2012 e 2016, a eleição de 2024 tem na escolha do vice um ponto-chave para Romero, dada a possibilidade de ele deixar o cargo após um ano e três meses, caso eleito, para concorrer ao Governo da Paraíba ou ao Senado daqui a dois anos. Com essa perspectiva, Inácio Falcão reavaliaria a posição intransigente em relação a sua postulação para seguir o caminho do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), quando aceitou ser o vice de Lula, em 2022, encontrando um atalho para realizar o sonho de ser presidente da República.
Colegas na Câmara Municipal de Campina Grande, Romero Rodrigues e Inácio Falcão selariam um casamento perfeito. Juntos, ambos têm mais de 60 anos de atuação na vida pública da cidade.
Por Ytalo Kubitschek