“Te chamei aqui porque vou precisar do seu cargo e já convidei a Magda [Chambriard] para o seu lugar.” Sem meias-palavras, o presidente Lula (PT) comunicou assim a Jean Paul Prates sua demissão da Petrobras.
Quando entrou no gabinete presidencial nesta terça-feira (14), já estavam lá os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) devidamente acomodados. Para Prates, havia uma cadeira estrategicamente colocada ao lado dos dois algozes.
Lula justificou que os dois tinham visões diferentes, que não havia gostado da posição de Prates no episódio dos dividendos —quando se absteve, contrariando a indicação do Planalto de votar contra o pagamento em um primeiro momento—, agradeceu e encerrou o assunto.
Prates tentou argumentar, contestou, mostrou-se surpreso com a decisão. Mas, como ele mesmo escreveu em carta aos subordinados, não havia mais o que fazer.
Como mostrou a coluna, Prates narrou parte da cena aos colegas de trabalho, deixando claro seu incômodo com a presença dos dois ministros na sala, segundo ele, “regozijados” com sua demissão.
Quem estava presente narrou para a coluna a cena como uma “humilhação”.
Os ministros até pensaram em reposicionar Prates em outro cargo. Mas a carta em que sai atirando tirou de Prates as chances de conseguir outro emprego.
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) não estava presente. Esteve com Lula ontem duas vezes, mas soube da decisão com todo mundo, pela imprensa. E não teria gostado nada disso. Procurado, não comentou.
Haddad ficou ao lado de Prates na queda de braço com Silveira e Rui Costa. Ponderava que o petista é honesto e conhecedor do tema petróleo e gás.
Andreza Matais/UOL