Violência brutal: Justiça aceita denúncia e dois homens viram réus por homicídio de mulher trans em Fortaleza

​Acusação do Ministério Público aponta tripla qualificação para o assassinato de Pamella dos Santos Coelho, brutalmente agredida por supostos membros de facção por dívida de drogas.

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​A Justiça do Ceará acatou a denúncia e deu início à ação penal contra dois indivíduos, acusados de serem os responsáveis pela morte de Pamella dos Santos Coelho, mulher trans de 37 anos, no bairro Jardim América, em Fortaleza. A decisão, tornada pública nesta quarta-feira (29), ocorre apenas duas semanas após o brutal assassinato, registrado em 12 de outubro.

​De acordo com o documento do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), a vítima foi atacada com extrema violência, atingida repetidamente na cabeça com um objeto de madeira. O órgão ministerial identificou Matheus Costa de Sousa, apelidado de “Peste”, e Pedro Daniel dos Santos, conhecido como “Donatelo”, como os autores do crime.

​A narrativa da denúncia detalha que, na noite do dia 12 de outubro, por volta das 21h, Pamella foi surpreendida pela chegada dos réus em um veículo Volkswagen Cross Fox nas imediações de um motel. Imagens de segurança capturaram o carro próximo ao local. O MPCE afirma que o ataque foi planejado para dificultar qualquer reação da vítima, com os acusados agredindo-a de forma cruel, resultando na sua morte. Após a agressão, os agressores fugiram, deixando a vítima inconsciente.

​O corpo de Pamella só foi encontrado na manhã seguinte por um morador, que alertou as autoridades. A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), localizou e prendeu preventivamente os acusados no dia 15 de outubro.

Testemunhas ouvidas durante a investigação, incluindo familiares da vítima e dos indiciados, indicaram que a agressão estaria ligada à atuação dos réus em uma organização criminosa. Eles seriam integrantes do Comando Vermelho (CV) e teriam cometido o delito devido a uma suposta dívida de drogas que Pamella teria com eles. Uma das testemunhas também mencionou que o carro utilizado no crime pertencia ao avô de Pedro Daniel.

O relatório da Polícia Civil destaca a natureza hedionda do assassinato, salientando que “a vítima é uma mulher trans e foi agredida brutalmente com um pedaço de madeira em sua face”. O modus operandi sugere, conforme o DHPP, um possível desrespeito e menosprezo à identidade social da vítima. Há ainda o indício da participação de um terceiro homem, ainda não identificado, que teria dado apoio aos réus no momento do ataque.

Diante do quadro, o Ministério Público solicitou que os réus sejam julgados por homicídio triplamente qualificado, englobando as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e o recurso que dificultou a defesa da vítima, além do crime de organização criminosa com uso de arma de fogo.

​A 6ª Vara do Júri de Fortaleza considerou a robustez das evidências para receber a denúncia. Os dois acusados permanecem sob custódia, e a primeira audiência de instrução do caso está agendada para o dia 27 de novembro. A defesa dos réus não foi localizada para comentar o caso.

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