Subfaturamento no Morumbi: Polícia Civil investiga esquema de “camarote clandestino” no São Paulo

​Enquanto diretoria nega notificação oficial, áudios vazados expõem divisão de lucros em shows e forçam o afastamento de figuras do alto escalão tricolor.

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O silêncio institucional do São Paulo Futebol Clube agora caminha em rota de colisão com as engrenagens do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). O que começou como um rumor de bastidor tomou contornos criminais após a abertura de um inquérito policial para investigar um suposto esquema de desvio de dinheiro e exploração irregular de áreas nobres do estádio do Morumbis. O foco das autoridades, impulsionado por uma recomendação direta do Ministério Público, recai sobre a comercialização clandestina de hospitalidade em eventos de grande porte.

O estopim da crise não veio de auditorias internas, mas de registros sonoros que circulam nos corredores do Judiciário e da segurança pública. Em gravações reveladas recentemente, Douglas Schwartzmann e Mara Casares, nomes até então influentes na estrutura política do clube, discutem abertamente a partilha de valores obtidos através do Camarote 3A. O diálogo, travado no contexto da passagem da turnê de Shakira pelo Brasil em fevereiro de 2025, sugere uma operação baseada na “confiança” mútua para burlar os registros oficiais da agremiação.

A retórica de Schwartzmann nas gravações é explícita ao mencionar que “todo mundo ganhou” com o negócio, uma frase que agora serve de lastro para a investigação de possíveis crimes de estelionato ou apropriação indébita. O impacto político foi imediato: ambos os diretores solicitaram licença de seus cargos. Mara Casares, ex-esposa do atual presidente Julio Casares, também se afastou de suas funções no Conselho Deliberativo, tentando isolar a crise da figura da presidência.

Oficialmente, o São Paulo adota uma postura de cautela jurídica, afirmando não ter sido citado ou notificado sobre o procedimento policial. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que as investigações avançam sob sigilo de Justiça. O descompasso entre a nota do clube e a confirmação do Estado aponta para um cenário de isolamento da diretoria, que agora se vê obrigada a explicar como uma estrutura do tamanho do Morumbis pode ter sido explorada de forma paralela sem o conhecimento dos seus mecanismos de controle e compliance.

O caso coloca em xeque a governança tricolor em um momento de expansão das receitas com eventos não esportivos. Se comprovada a exploração clandestina, o clube não apenas deixa de arrecadar valores vultosos, como expõe a fragilidade de sua segurança patrimonial diante de interesses particulares de seus próprios quadros diretivos.

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