A jornada rumo à universidade, para muitos estudantes do interior, é marcada por obstáculos que transcendem a dificuldade das questões de múltipla escolha. No Sertão da Paraíba, a história de Kauan Nunes, residente em Poço Dantas, ilustra o sacrifício pessoal em nome da educação.
O jovem, que aspira a uma vaga no concorrido curso de Medicina, enfrentou uma maratona de 58 quilômetros em uma motocicleta, tendo seu irmão como companhia, para chegar ao local de prova em Sousa. A saída de casa ocorreu por volta das 10h30, indicando uma logística apertada e uma corrida contra o tempo para o início do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025.
Consciente da importância do tempo e do foco em um dia de alta tensão, Kauan demonstrou notável disciplina ao optar por fazer sua refeição na entrada da escola. “Eu tava com fome, não queria atrapalhar os outros e tem risco de sujar a prova,” justificou o estudante à TV Paraíba. Almoçar de pé, em um esforço para não perturbar os colegas ou comprometer a integridade de seu caderno de questões, ressalta a seriedade com que ele encarou o exame.
Apesar da dedicação, o estudante revelou que a preparação para o Enem foi conciliada com as exigências do mercado de trabalho. “Eu fiz o que dava pra fazer,” afirmou, reconhecendo os limites impostos por sua rotina. Essa realidade de conciliar emprego e estudos é um reflexo do perfil de muitos candidatos do país.
O empenho de Kauan insere-se em um contexto de crescente mobilização educacional no estado. A Paraíba registrou um aumento de 10,6% no número de inscritos para o Enem 2025, totalizando 142.050 candidatos. Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontam que as mulheres compõem a maior parte desse universo, representando 58,28% dos participantes (82.787). O entusiasmo para o exame demonstra a importância central do Enem como porta de entrada para o ensino superior na região.
O caso de Kauan Nunes é um potente lembrete de que o acesso à educação de qualidade exige, muitas vezes, não apenas inteligência e dedicação acadêmica, mas também uma resiliência notável para superar as barreiras geográficas e socioeconômicas.





