Racismo em campo: expulsão, soco e demissão

Jogador do Batel é desligado após acusações de injúria racial dirigida a atleta do Nacional-PR; vítima reage, recebe cartão vermelho e viraliza frase de indignação

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Foto: Reprodução de vídeo FPFTV

Neste sábado (4), pela Taça FPF (no Paraná), o duelo entre Batel Guarapuava e Nacional-PR foi interrompido por um episódio que fugiu ao já tumultuado cotidiano do futebol paranaense: o meia Diego, do Batel, teria proferido insultos de teor racista ao zagueiro Paulo Vitor (PV), do Nacional. Em reação, Paulo Vitor desferiu um soco no rosto de Diego e foi expulso da partida.

Segundo relatos e imagens divulgadas nas redes sociais, o jogador do Batel chamou Paulo Vitor de “macaco” durante o jogo. Diego, ferido após o soco, precisou deixar o gramado com auxílio de atendimento médico.  A partida ficou paralisada por cerca de 18 minutos enquanto a confusão era contida.

O Batel não perdeu tempo: neste domingo (5), divulgou nota oficial confirmando a rescisão do contrato com Diego. “O atleta envolvido foi imediatamente desligado de suas atividades e não integra mais o elenco profissional do clube.”  No comunicado, o clube reforçou seu compromisso com o respeito, igualdade e direitos humanos, afirmando que colaborará com as autoridades para apurar os fatos. A Federação Paranaense de Futebol (FPF) também se manifestou, condenando o episódio e lembrando que mantém campanhas permanentes antirracismo, bem como utiliza o protocolo da FIFA para denunciar e punir injúrias discriminatórias. A federação informou ainda que o caso será levado ao Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR). No calor da repercussão, Paulo Vitor fez um post em suas redes sociais (@paulovitor_98), manifestando indignação, agradecendo o apoio do Nacional e explicando seu desabafo:

“Não sou a favor da violência, mas parece que só assim eles sentem na pele. Quem é negro vai entender minha reação. Agradeço ao Nacional por todo o suporte.”
Ele também conclamou reforço na responsabilização de casos semelhantes: “Espero que a justiça seja feita e que casos como esse… não sejam resolvidos como vitimismo.”

O episódio reacende uma das feridas mais pulsantes do futebol brasileiro: o racismo estrutural dentro e fora dos gramados. Em um ambiente onde o “vítima sim” muitas vezes é questionado, o gesto de Paulo Vitor, mesmo ciente das regras, expressa, nas redes e no jogo, uma fúria antiga e generalizada. Que fique claro: a reação física não deixa de estar fora das regras, mas para muitos foi um grito que ultrapassou os limites do permitido.

Agora, resta acompanhar o desfecho disciplinar no TJD-PR, as possíveis sanções criminais e civis contra Diego, e observar se o futebol paranaense e o brasileiro, aprende que ignorar racismo é conivência. Afinal: separar retórica de ação é o mínimo que nos resta para não chorar amanhã, de novo, pelo mesmo motivo.

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