Era uma noite tranquila no Jardim Royal, bairro da Cidade Universitária em Maceió, quando o sossego de uma vizinhança aparentemente pacata foi interrompido pelo som alto que ecoava nas ruas. O tipo de barulho que, por mais inofensivo que fosse, sempre encontra um alvo: o vizinho de cara fechada. A Polícia Militar foi chamada, como é de costume, para intervir em uma situação aparentemente simples. O responsável pelo som, talvez mais pela pressão da autoridade do que por consciência, desligou o aparelho. O protocolo foi seguido, tudo certo. Não.
O que parecia um caso resolvido logo mostrou suas garras. Não muito tempo depois, o rádio da polícia, com seu tom implacável, relatava o aumento da tensão: o que era apenas um som alto havia se transformado em algo bem mais difícil de controlar. O motivo? Uma disputa entre duas vizinhas. A esposa do homem que havia desligado o som, furiosa, acusava a vizinha da frente de ser a responsável pela denúncia. As palavras, como sempre, eram as primeiras armas. Mas não demorou para que o confronto verbal se transformasse em algo mais sério.
A mulher, já em um estado de fúria, foi para cima da vizinha, xingando e, num movimento inesperado, puxou uma faca. No cenário tenso, quem impediu o pior foi o próprio marido da agressora, que a segurou antes que o ato fosse consumado. O som havia sido desligado, mas o barulho de uma briga doméstica já tomava conta do ar.
Foi aí que a guarnição, que acreditava ter resolvido o impasse, chegou para tentar apaziguar a situação. O esperado, no entanto, não aconteceu. A mulher, que em outro contexto poderia ser vista como apenas mais uma moradora indignada, recusou-se a se identificar, desafiando a autoridade. Os gritos foram substituídos por xingamentos direcionados à guarnição. Ela não apenas resistiu à abordagem, mas também desacatou os policiais. E foi nesse momento que a situação tomou outra direção.
A ordem foi clara: ela deveria ser algemada para evitar novos conflitos. A mulher, agora completamente fora de controle, foi levada para a Central de Flagrantes. A acusação? Desacato, ameaça, resistência à prisão e desobediência. Tudo por causa de um som alto e uma briga de vizinha.
A história que começou com um som alto e uma simples queixa transformou-se em um episódio que, por mais surreal que pareça, é um reflexo das tensões cotidianas que muitas vezes se acumulam nas relações de vizinhança. No fim, o que poderia ser uma noite qualquer em um bairro da cidade virou mais uma crônica de resistência e desobediência, com a polícia sendo chamada não para apaziguar, mas para intervir em um conflito que tomou proporções inesperadas.





