Enquanto o Globo Upfront celebrava conquistas e gritava métricas para o mercado publicitário, o momento deveria ser de acenos cuidadosos e humilhações estratégicas era substituído por um bordão de sarcasmo dirigido contra uma rival. “Vocês sabem o que é Fórmula 1 ainda, né? Porque saiu da Globo … Fórmula 1 é um esporte interessante”, afirmou Bonner em tom irônico, arrancando risadas da plateia e mais do que isso: provocando a ira dos bastidores.
A repercussão não tardou. Téo José, voz consagrada da Band, reagiu nas redes com um editorial de indignação: “Tem gente que, além da ética, perdeu o respeito. Fim triste.” Neto, em seu estilo direto, não se conteve: chamou Bonner de “babaca”, mencionou o “Jornal Nacional que lê TP” e lançou uma provocação sonora, “vocês pegavam o que falaram e enfiavam… sabe aonde?!”
O que estava em jogo? Nada menos que a dignidade simbólica de uma emissora que por cinco anos sustentou a Fórmula 1 no Brasil, com audiências, investimentos e uma equipe que respirou pneus, curvas e boxes. Ao menos, a Band soube responder com um recado curto e seco nas redes: “Aqui mostra tudo! E quem pode falar melhor do que a gente é a nossa legião de fãs.”
A Globo, por sua vez, sentiu o impacto. Diante da tempestade antecipada, emitiu nota oficial negando qualquer intenção de desmerecimento: “comparar conteúdos, emissoras e plataformas não significa, em hipótese alguma, o desmerecimento do trabalho de outros players.” É um recuo simbólico, mas tardio, pois o estrago já se espalhara nos trending topics e nas pautas dos veículos.
E o homenageado? Ao invés de dominar os holofotes em sua despedida do Jornal Nacional depois de décadas no ar, Bonner foi transformado em pivô. A sua trajetória monumental ficou momentaneamente soterrada sob o peso de uma brincadeira infeliz, um ataque que não poupou nem ele, nem quem o aplaudia.
No fim das contas, esse episódio ensina (com ironia) duas lições básicas que muitos parecem ignorar em disputas midiáticas:
O sarcasmo é uma lâmina de dois gumes: pode cair bem em texto afiado, mas traz custo quando dispara contra quem não pode revidar diretamente.
A provocação só vale se tiver alvo legítimo, e não se disfarce de marketing. Alfinetar quem sustentou a competição que se anuncia, perderá espelho e público.
Se Bonner merecia homenagens livres de constrangimentos, o evento do Upfront inadvertidamente cumpriu o papel contrário: transformou a celebração em ringue. E nisso, mais do que defender um canal ou um esporte, ficou claro que nem todo público ri junto, alguns guardam as gargalhadas para o momento oportuno.