Preta Gil quase repetiu de ano por causa de preconceito linguístico ao se mudar da Bahia para Rio de Janeiro

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A cantora Preta Gil, que morreu no domingo (20) após uma longa batalha contra o câncer, quase repetiu a alfabetização devido ao preconceito linguístico. A carioca aprendeu a ler e escrever em Salvador e, quando se mudou para o Rio de Janeiro, foi alvo de piadas devido a forma como falava as letras.

Em uma entrevista ao podcast “Mil e Uma Tretas”, a artista contou que quase foi reprovada na escola por conta de sua forma de falar.

De acordo com Preta, aos 9 anos de idade, uma professora criticou o modo como ela se expressava, especialmente o uso de expressões e construções comuns da linguagem falada no cotidiano. “A professora me corrigia o tempo todo, dizia que eu falava errado. Eu comecei a achar que era burra”, desabafou.

A artista explicou que usava palavras e estruturas que aprendeu com familiares e pessoas próximas, e que a pressão para falar de forma “correta” afetou sua autoestima ainda na infância. “Na época, eu não entendia que aquilo era preconceito linguístico, só me sentia inadequada”, comentou.

Preta Gil destacou que, com o tempo, percebeu que esse tipo de cobrança não tem relação com inteligência, mas sim com a forma como o sistema educacional muitas vezes desvaloriza a diversidade de fala do povo brasileiro. “Falam que é erro, mas é identidade. É cultura”, afirmou.

A fala da cantora repercutiu nas redes sociais e levantou debates sobre a importância de respeitar as variações linguísticas regionais e sociais, sem discriminação. O preconceito linguístico, segundo especialistas, acontece quando se julga alguém inferior por seu modo de falar, desconsiderando a legitimidade das diferentes formas de expressão existentes no país.

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