A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (19), uma nova fase das investigações sobre irregularidades no uso de verbas públicas por parlamentares. O principal alvo da ofensiva foi o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), atual líder do Partido Liberal na Câmara. Em sua residência, os agentes apreenderam aproximadamente R$ 400 mil em espécie, montante que agora integra o conjunto probatório do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ação, autorizada pelo ministro Flávio Dino, marca uma mudança de curso nas investigações. Ao todo, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos entre o Distrito Federal e o Rio de Janeiro. O foco central é um suposto esquema de “rachadinha” e desvio de cotas parlamentares que, segundo a PF, contava com a colaboração coordenada entre políticos, assessores comissionados e agentes externos para ocultar a origem ilícita dos recursos.
O caso apresenta um histórico de divergências institucionais. Há cerca de um ano, a Polícia Federal já havia solicitado medidas cautelares contra os parlamentares, mas enfrentou a resistência da Procuradoria-Geral da República (PGR). Na ocasião, o ministro Flávio Dino acompanhou o entendimento do Ministério Público, limitando as buscas apenas aos gabinetes e residências de assessores, por considerar que não havia evidências robustas da participação direta dos deputados.

Entretanto, o material colhido na operação anterior, realizada em dezembro de 2024, forneceu novos elementos que ligariam o alto escalão do PL à estrutura criminosa. A apreensão do volume expressivo de dinheiro vivo nesta sexta-feira reforça as suspeitas de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Com o material apreendido, a perícia da Polícia Federal buscará rastrear a origem das cédulas e verificar se o montante é compatível com os rendimentos declarados pelo parlamentar. O desdobramento coloca a liderança do PL sob forte pressão política, em um momento de articulações sensíveis no Congresso Nacional.





