Na manhã desta terça-feira (14), um motorista que conduzia o ônibus da linha 303 foi vítima de uma agressão com arma branca nas proximidades do campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa. O episódio ocorreu depois que um passageiro tentou pular a catraca sem pagar. Ao ser advertido para não fazê-lo, o indivíduo retaliou com uma facada.
Testemunhas no ônibus relataram que o ataque foi súbito, o suspeito entrou em conflito com o motorista logo após a cobrança do bilhete. Alguns passageiros ainda atingidos pelo susto foram transferidos para outro veículo para que a linha pudesse seguir normalmente.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e prestou os primeiros socorros no local. Posteriormente, o motorista foi encaminhado ao Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. Segundo os boletins médicos divulgados até o momento, o estado de saúde é considerado estável.
O agressor ainda não foi capturado.
Não é a primeira vez que profissionais do transporte coletivo se veem na linha de fogo entre o excesso de impaciência ou a emergência da violência urbana diária. A ação desproporcional do passageiro evidencia não apenas um desrespeito individual, mas uma falha coletiva: a de tolerância, ou o descontrole, diante de uma cobrança mínima. É o tipo de conflito que, tragicamente, parece prestes a se tornar “normal”.
O transporte público urbano exige mais do que itinerário, frota ou bilhetagem eficiente: requer, urgentemente, proteção aos trabalhadores que, por força de contrato ou necessidade, se tornam árbitros em disputas corriqueiras. O episódio também levanta questionamentos: qual o grau de preparo (em segurança, mediação ou contenção de conflitos) existente para motoristas civis? E qual a resposta estatal, no âmbito policial e judiciário, que desestimule agressões como essas?
Enquanto o culpado não for identificado e responsabilizado, resta ao coletivo seguir em alerta, lembrando que, em muitas cidades, as vias não são apenas rotas, mas palcos potenciais de confronto. Que o ataque sofrido por este motorista sirva menos como tragédia roteirizada e mais como estopim de mudanças, do policiamento nas linhas à educação cívica nos ônibus.