O Brasil está prestes a entrar em uma nova era tecnológica. A Paraíba, no Nordeste, se consolida como o epicentro dessa transformação com a instalação do primeiro Centro Internacional de Computação Quântica do país, um projeto estratégico com início previsto para o primeiro semestre de 2026. A iniciativa, que mobiliza um investimento que supera os R$ 75 milhões, é resultado de uma cooperação tecnológica de alto nível entre o Governo Federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e a empresa chinesa CETC-IQC.
O governador João Azevêdo formalizou os avanços do empreendimento em uma reunião com representantes da companhia asiática nesta segunda-feira (24). O acordo transcende a mera aquisição de equipamentos: ele garante a compra de um computador quântico de 64 metros quadrados, mas estabelece, sobretudo, a transferência integral de tecnologia e a formação de mão de obra altamente especializada.
A computação quântica é vista por especialistas globais como uma das tecnologias mais disruptivas do século, capaz de solucionar problemas complexos que extrapolam os limites dos supercomputadores tradicionais. O centro paraibano tem a missão de aplicar esse poder de processamento em frentes cruciais para o desenvolvimento nacional, desde a otimização de sistemas na indústria e o avanço em pesquisas na medicina, até a segurança digital e a modelagem climática.
O projeto está estruturado em três pilares, conforme detalhado por autoridades estaduais: o desenvolvimento de cálculos avançados, a transferência tecnológica para que o Brasil desenvolva futuramente seus próprios equipamentos quânticos e a formação de um polo de recursos humanos com intercâmbio internacional. Essa estratégia posiciona a Paraíba não apenas como usuária, mas como produtora de conhecimento de fronteira.
Uma das aplicações imediatas e de grande relevância será o processamento de dados do radiotelescópio BINGO (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations), em fase de instalação no município de Aguiar, no Alto Sertão da Paraíba. A capacidade quântica será decisiva para lidar com a vasta quantidade de informações geradas pelo radiotelescópio, dedicado ao mapeamento de energia e matéria escura no universo.
A instalação do centro não se restringirá ao ambiente acadêmico e de pesquisa. O local contará com uma infraestrutura pensada para a visitação pública, um aspecto que deve dinamizar o turismo científico e tecnológico na região, gerando um efeito multiplicador de emprego e renda. Ao abrir “janelas de oportunidades” para os jovens que ingressam no mercado de trabalho, conforme o governador enfatizou, o Centro de Computação Quântica da Paraíba projeta o estado em um patamar de liderança em ciência e soberania tecnológica na América Latina.
