Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba ousa em repertório global

​Ineditismo na sala Maestro José Siqueira e gigantes europeus em noite gratuita com solista da casa

Compartilhe o Post

​A Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba (OSJPB) desafia convenções e propõe uma jornada musical ambiciosa na próxima quinta-feira, 30 de outubro. Sob a batuta do maestro Luiz Carlos Durier, o concerto, com entrada franca, promete um diálogo inédito entre a herança afro-brasileira e o cânone sinfônico europeu, abarcando inspirações que vão do folclore sueco à astrologia romana.

​O ponto de partida da noite será uma estreia no palco da Sala de Concertos Maestro José Siqueira: a “Segunda Dança Brasileira” do homenageado, o ilustre compositor paraibano José Siqueira. A obra, recentemente digitalizada, inspira-se na rica cultura de matriz africana, revelando o regionalismo musical de um compositor cuja trajetória se estende do Rio de Janeiro a regências internacionais.

​A performance também marca um momento especial para o violinista Mychel Melo Brito, integrante da Jovem, que fará sua primeira performance solo. Ele interpreta a “Fantasia de Concerto para Violino e Orquestra, Opus 33”, de Nikolai Rimsky-Korsakov. Compositor proeminente da música russa conhecido por suas orquestrações coloridas (como em Scheherazade e O Voo do Besouro), Korsakov baseou a Fantasia em canções populares de sua terra natal, conferindo à peça um lirismo folclórico.

​O ecletismo do programa segue com o sueco Hugo Emil Alfvén, apresentado pela primeira vez ao público paraibano. A orquestra executa a rapsódia “Midsonmarvaka, Opus 19 (Vigília de Solstício Verão)”, uma vibrante peça inspirada em danças tradicionais da Suécia.

​O clímax da noite reserva uma incursão cósmica: a execução de três movimentos da suíte sinfônica “Os Planetas, Opus 32”, do inglês Gustav Holst. Durier selecionou os contrastantes Marte (Mensageiro da Guerra), com sua escrita dissonante e percussiva em compasso 5/4; Vênus (Mensageira da Paz), que irradia tranquilidade e suavidade harmônica; e Júpiter (Mensageiro da Alegria), um movimento marcado por temas dançantes e inspiradores, cujo tema central se tornou um hino patriótico britânico. Holst buscou uma simbologia astrológica e mitológica para expressar o caráter de cada planeta, oferecendo um espetáculo de texturas e emoções.

​O maestro Luiz Carlos Durier, com 28 anos à frente da OSJPB e uma história notável na regência paraibana (incluindo trabalhos com artistas populares como Zé Ramalho e Chico César), enfatiza que o alto nível técnico e artístico da Orquestra Jovem é o que permite a “ousadia” de um repertório tão vasto e desafiador. Para Mychel Melo Brito, a oportunidade de atuar como solista ao lado de seus colegas e do maestro Durier representa “o ápice da performance” e uma realização pessoal em seu crescente percurso musical.

​O concerto ocorrerá às 20h30 na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural, em João Pessoa. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos limitada a dois por pessoa, a partir das 19h na bilheteria da rampa 4.

Compartilhe o Post

Mais do Nordeste On.