O sono dos campeões

​Palmeiras e Fluminense empatam na "Rodada da Soneca" e ajudam o Flamengo a flutuar confortavelmente rumo à taça

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A 35ª rodada do Brasileirão-2025 ficará marcada nos anais da competição não por um feito de brilhar os olhos, mas pela absoluta e comovente falta de vontade no confronto entre Palmeiras e Fluminense. O placar de 0 a 0 no Allianz Parque foi menos um resultado de “luta tática” e mais um atestado de que, às vezes, o futebol é um esporte de 22 milionários que decidem tirar uma folga coletiva em campo. O jogo foi tão memorável quanto uma reunião de condomínio para debater a cor da fachada.

Do lado paulista, que ainda nutre a ilusória esperança de alcançar o Flamengo, agora a quatro pontos de distância com a vitória rubro-negra sobre o Bragantino, o ataque mostrou-se mais ineficaz que simpatias para fazer chover. O time de Abel Ferreira engatou um inédito e preocupante jejum de gols: já são 270 minutos sem balançar a rede no Brasileirão, considerando as atuações… hum… “econômicas” contra Santos, Vitória e, agora, o tricolor carioca.

A lentidão na criação e a previsibilidade nos movimentos do Verdão sugerem que os atletas já estão com a cabeça na final da Libertadores contra o próprio Flamengo, em Lima. A torcida, que esgotou os ingressos na despedida do time em casa antes da decisão continental, merecia mais. Saiu do Allianz Parque com a certeza de que a maior chance de título este ano se dará no Peru, porque no Brasil, a vaga na Libertadores parece ser o prêmio de consolação, e não o objetivo principal.

O Fluminense de Marcão/Zubeldía/etc. não fez muito para contrariar o placar. Com um meio-campo burocrático, o time carioca parecia satisfeito em atuar como um mero figurante no espetáculo da melancolia alviverde.

A notícia boa para o tricolor é que o pontinho conquistado, mais um “empate técnico” do que um empate de fato  afasta a equipe da briga por vagas menores e a mantém no G6. O foco, contudo, é a matemática que parece conspirar a favor do título rubro-negro, consolidando o campeonato como uma disputa de segundo lugar.

Com a vitória do Flamengo e o empate do Palmeiras, o que era apertado virou confortável para o líder. A distância na tabela e o número de gols marcados (o que, cá entre nós, é o critério mais palpável do futebol) dão a certeza de que o time da Gávea pode até perder um ou dois jogos, que o prejuízo será absorvido.

O torcedor palmeirense agora precisa se apegar a uma matemática que nem a física quântica explica para sonhar com a virada. O próximo adversário é o Grêmio, fora de casa. Se continuar com esse ritmo de “jogamos pelo empate”, a torcida pode começar a planejar a folia do vice-campeonato.

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