O Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, tornou-se o epicentro de uma expectativa que transcende as fronteiras nacionais. O foguete Hanbit-Nano, desenvolvido pela sul-coreana Innospace, teve seu cronograma de decolagem ajustado para as 21h30 desta sexta-feira (19), após um rigoroso processo de averiguação técnica.

O adiamento, longe de ser um sinal de fragilidade, demonstra a maturidade dos protocolos aeroespaciais: a detecção de uma inconsistência no sistema de refrigeração do oxidante levou a empresa a optar pela substituição preventiva de componentes, priorizando a integridade da missão sobre a pressa do calendário.
Este evento marca a estreia das operações comerciais de veículos espaciais em solo brasileiro, posicionando o Maranhão definitivamente na rota global de transporte de satélites. Com 21,8 metros de comprimento e pesando 20 toneladas, o veículo utiliza uma propulsão híbrida, combinando combustíveis sólidos e líquidos, para transportar oito cargas úteis à órbita baixa da Terra. Entre os dispositivos alojados na coifa estão cinco satélites e três experimentos científicos desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia, que deverão ser posicionados a cerca de 300 quilômetros de altitude.

A complexidade da operação é monitorada de perto pela Força Aérea Brasileira, que coordena a segurança de voo e a logística terrestre. O processo de contagem regressiva envolve uma análise exaustiva de variáveis que vão desde a pressão interna dos tanques e a integridade dos softwares embarcados até as condições atmosféricas da costa maranhense. Fatores como a velocidade dos ventos e a incidência de descargas elétricas são determinantes para o disparo; qualquer desvio nos parâmetros pré-estabelecidos resulta na interrupção imediata do relógio, garantindo que o risco seja minimizado tanto para o hardware quanto para as instalações de solo.
Mesmo após a ignição, a vigilância permanece absoluta. Caso o Hanbit-Nano apresente qualquer comportamento divergente da trajetória prevista durante a subida, os protocolos de contingência permitem a neutralização controlada do veículo. A janela de lançamento, que se estende até o dia 22 de dezembro, oferece a flexibilidade necessária para que a missão ocorra sob condições ideais.
Para o Brasil, o sucesso deste voo representa a validação de Alcântara como um porto espacial estratégico e competitivo, capaz de atender à crescente demanda mundial por lançamentos de pequeno porte com precisão e segurança.





