A Polícia Federal (PF) concluiu as investigações da Operação Zargun com o indiciamento do ex-deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, conhecido como TH Joias, e mais 17 pessoas. O relatório final da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) foi remetido ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), detalhando o envolvimento de uma rede complexa que abrange líderes do crime organizado, agentes públicos e políticos.
Os indiciados são acusados de crimes graves, incluindo organização criminosa, tráfico interestadual de armas e drogas, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. A investigação aponta que a influência da rede se estendeu por facções como o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), além de infiltrar-se em esferas do poder, com a participação de policiais militares, um ex-secretário estadual/municipal, e até um delegado federal.
A Conexão do Ouro e a Máquina Pública
O ex-parlamentar, que ascendeu na política após construir uma carreira como joalheiro de luxo para artistas e atletas, é apontado como peça central na lavagem de dinheiro das facções.
- Agentes Públicos Envolvidos: Entre os nomes mais notórios está o delegado da PF Gustavo Steel, preso em flagrante durante a Operação Zargun, por repassar informações sigilosas. Antes de sua prisão, Steel chegou a consultar sistemas de segurança sobre a existência de mandados contra criminosos, incluindo Dudu e Índio do Lixão. A investigação notou um anel feito por TH Joias sendo usado pela companheira de Steel, dias antes de sua detenção.
- Os Elos do Gabinete: Dudu, Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, que atuava como assessor parlamentar de TH Joias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), é suspeito de negociar e operar aparelhos antidrones para as facções.
- Tráfico e Armas: Já Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, é citado como um contato chave entre o Comando Vermelho e o ex-deputado, investigado ainda por intermediar a compra de fuzis no Paraguai para o CV.
Queda e Destituição
TH Joias foi preso no dia 3 de setembro em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no âmbito da Operação Zargun, que mobilizou a PF e o Ministério Público do Rio (MPRJ). A dimensão de seu envolvimento criminoso, que incluía evasão de divisas e violação de sigilo profissional, resultou em sua destituição imediata do cargo na Alerj, marcando a dramática queda de uma figura que migrou do ourivesaria para a política.
O esquema, que usava a fachada parlamentar para obter imunidade e acesso a informações, evidencia a fragilidade da administração pública fluminense frente à infiltração de organizações criminosas.





