Enquanto a Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, se prepara para ser o palco, ou melhor dizendo, a passarela, da Expo Favela Innovation Paraíba 2025 nos dias 07, 08 e 09 de novembro, o que realmente deveria causar alvoroço é a programação “pré-festa”. A quebrada, cansada de ser mera coadjuvante ou tema de seminário no “asfalto”, resolveu inverter a lógica.

Este ano, a Expo Favela não só abre as portas do prestígio para quem empreende na periferia, como também decide invadir seis territórios antes da grande feira. É a inovação fazendo um tour de campo, não como caridade, mas como reconhecimento de onde o jogo realmente acontece. Em vez de esperar que o gênio da lâmpada suba a ladeira, a organização resolveu levar a lâmpada, o gênio, o networking e, pasmem, até o Wi-Fi para dentro dos barracos.

A ironia é deliciosa: o evento, que se propõe a ser a “ponte” entre o talento local e o mercado formal, está sinalizando que o mercado está, na verdade, do lado de cá. É um espetáculo de três dias (e mais seis dias itinerantes), com palestras, mentorias e shows que não são apenas “atrações culturais”, mas sim o currículo vivo de quem transformou escassez em motor de criatividade.

A Paraíba, que já se consolidou como uma das etapas mais vibrantes, promete um verdadeiro knockout no velho discurso do “assistencialismo”. Com investimento do Governo do Estado superior a R$ 1 milhão, destinando fomento e apoio técnico a 20 dos 67 empreendedores selecionados, o que está em jogo é bem mais que um prêmio: é a chancela institucional para um ecossistema econômico que move R$ 202 bilhões por ano no Brasil, segundo dados da Data Favela.


Nomes como Preto Zezé (presidente da CUFA RJ e executivo social) e Jonas Camilo (o “Barbie das Obras”, fenômeno do humor e da representatividade) estão confirmados, garantindo que o palco terá tanto a seriedade do business quanto o deboche necessário para desconstruir o olhar viciado. A Expo é, essencialmente, a favela dizendo: “Nós temos a solução. Vocês têm o dinheiro. Vamos conversar, mas é no nosso ritmo”.

É uma festa da meritocracia? Talvez. Mas, acima de tudo, é um movimento que, ao colocar a cultura e a economia periférica como tema central, mostra que o real poder de disrupção não está nos headquarters envidraçados, mas onde a necessidade força a invenção diária. A Usina Cultural Energisa será o centro das atenções, mas o pulso, a batida, o beat inovador, virá das ruas que foram ativadas antes, provando que a potência sempre morou onde a maioria preferia não olhar.





