O “American Dream” agora tem preço de tabela: EUA lançam o visto “Trump Gold Card”

​Imigração de luxo: A Casa Branca troca a pátria das oportunidades pelas transações bancárias.

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Os Estados Unidos inauguraram oficialmente nesta quarta-feira (10) o programa de vistos “Trump Gold Card”, redefinindo a ideia de “caminho acelerado” para residência permanente. Se antes a promessa era de que bastava trabalho duro, agora, o atalho é pavimentado com notas de dólar. O governo americano substitui a retórica do esforço pela objetividade do investimento.

​O portal Trumpcard.gov funciona como a vitrine desse novo empreendimento, ostentando um botão convidativo: “Inscreva-se agora”. Para o primeiro passo rumo a uma vida americana “muito melhor”, como descreveu o próprio Presidente, o interessado deve desembolsar US$ 15 mil (cerca de R$ 82 mil) apenas para o processamento burocrático, uma taxa não reembolsável ao Departamento de Segurança Interna (DHS).

​Superada a fase inicial e, claro, após uma “rigorosa verificação de antecedentes”, indispensável para garantir que apenas os milhões “corretos” entrem no país, é exigida a contribuição principal. Um “presente” de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,4 milhões) para o Tesouro americano assegura o status, que é comparável, mas aparentemente superior, ao tradicional Green Card.

​Donald Trump, ao comentar o lançamento na Casa Branca, foi direto: “Basicamente, é um Green Card, mas muito melhor. Muito mais poderoso, um caminho muito mais sólido”. O Presidente também fez questão de ressaltar o critério de seleção: “O caminho é algo muito importante. Tem que ser de pessoas excelentes”. Aparentemente, a excelência, neste novo paradigma de imigração, é medida em sete dígitos.

​O “Gold Card” funciona como uma espécie de atualização do antigo visto EB-5, para investidores, mas sem a necessidade de comprovação de criação de empregos diretos, focando puramente na injeção de capital no país. É o sistema que diz, sem meias palavras: sua riqueza é o seu talento.

​Enquanto a porta se fecha para muitos que buscam uma vida melhor com base na qualificação profissional ou na reunificação familiar, uma nova entrada vip se abre para os ultrarricos. O programa, que a administração espera que atraia “bilhões de dólares”, solidifica uma política de imigração de dois pesos e duas medidas, onde o valor do imigrante é cotado no mercado financeiro.

​Afinal, na terra que se orgulha de ter construído seu sucesso sobre a garra de imigrantes, o lema parece ter sido sutilmente alterado: Give me your tired, your poor, your huddled masses… but only if they come bearing substantial, seven-figure “gifts.”

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