Manobra de última hora evita derrota: Câmara recua da cassação de Glauber Braga

​Central percebe falta de apoio e articula suspensão de seis meses para preservar autoridade da Mesa

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Em uma sessão noturna na Câmara dos Deputados, o grupo político majoritário, frequentemente identificado como Centrão, abandonou a intenção de cassar o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). A mudança de rota foi uma estratégia calculada para evitar um revés político no plenário, onde ficou evidente a ausência do quorum qualificado necessário para a perda do mandato do parlamentar.

O pivô da articulação de última hora foi a votação apertada que aprovou a inclusão de uma pena alternativa, a suspensão de seis meses, no lugar da cassação. Com 226 votos favoráveis e 220 contrários à priorização da medida menos drástica, o resultado serviu de alerta imediato: alcançar os 257 votos imprescindíveis para cassar Braga era inviável.

Diante do risco de uma absolvição total, o que representaria uma derrota para o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e para a autoridade da Mesa Diretora, a liderança do Centrão optou por uma “saída institucional”. A suspensão, embora vista como uma punição, foi a maneira encontrada para concluir o processo sem anular o poder disciplinar da Câmara após o episódio que motivou a representação contra o psolista: a agressão a um membro do Movimento Brasil Livre (MBL), acusado de ofender a mãe do deputado.

Essa costura política foi sensível também pelo histórico de Braga como crítico fervoroso do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A punição branda, portanto, precisou ser cuidadosamente negociada para não gerar fissuras com o grupo político de Lira.

A decisão final de suspender o mandato, aprovada com uma margem mais confortável (318 votos a 141), reflete a força do corporativismo que tradicionalmente ressurge no Parlamento em votações dessa natureza, protegendo, em alguma medida, a permanência dos pares. A articulação envolveu, inclusive, líderes governistas e integrantes do PSOL, que trabalharam para converter a tendência inicial de cassação e consolidar o apoio à suspensão. O resultado final impediu que Braga ficasse inelegível, mantendo seus direitos políticos.

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