O cenário da Música Popular Brasileira (MPB) perdeu um de seus pilares: o cantor e compositor mineiro Lô Borges faleceu nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizonte. A morte do artista, que estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde 17 de outubro, foi confirmada pela família. O quadro de saúde do músico se agravou após uma intoxicação medicamentosa, culminando em falência múltipla de órgãos, conforme divulgado pelo hospital. Durante a internação, Lô precisou de ventilação mecânica e chegou a passar por uma traqueostomia.
Lô Borges é um nome inseparável da história do Clube da Esquina, movimento que redefiniu a música brasileira nas décadas de 1970 e 1980. Ao lado de Milton Nascimento, ele não apenas fundou o coletivo, mas também cocriou o antológico álbum duplo Clube da Esquina, de 1972, um divisor de águas na MPB.
A genialidade lírica e melódica de Lô Borges se eternizou em canções que se tornaram hinos da juventude e da sensibilidade nacional, como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”. Tais composições, muitas vezes assinadas em parceria com o irmão Márcio Borges, foram gravadas por grandes nomes da música brasileira, atestando sua influência.
”Eu estava vivendo a minha vida, tocando violão, eu não parei de compor, as canções foram se avolumando na minha vida…” – Lô Borges sobre seu período longe dos palcos.
Após um breve afastamento do meio musical, quando viveu em Arembepe, na Bahia, o artista retornou com um amadurecimento marcante. Esse período de reclusão frutificou no álbum A Via Láctea (1979), que ele considerava um de seus melhores trabalhos. A discografia do mineiro inclui ainda sua primeira turnê nacional com o disco Sonho Real, em 1984, e a bem-sucedida colaboração com Samuel Rosa, do Skank, na canção “Dois Rios” na década de 1990, que o trouxe de volta ao grande público.
Nos últimos anos, a vitalidade criativa de Lô Borges permaneceu inabalável. Mantendo uma tradição iniciada em 2019, o compositor lançou um álbum de músicas inéditas a cada ano. Seu trabalho mais recente, Céu de Giz, lançado em agosto de 2025, foi uma parceria com Zeca Baleiro, demonstrando sua persistente paixão pela criação musical até os seus últimos meses. O legado de Lô Borges segue vivo na memória afetiva de gerações e na beleza atemporal de suas melodias.





