No coração de Sergipe, uma cidade pequena e aparentemente comum transformou-se em um laboratório vivo da genética humana.
Itabaianinha, conhecida, com um apelido que mistura curiosidade e controvérsia, como a “Cidade dos Anões”, não é apenas um ponto no mapa: é um microcosmo onde a ciência encontrou uma pista sobre a herança genética e a sociedade decidiu reinventar a própria identidade.
Tudo começou no vilarejo de Carretéis, onde o isolamento geográfico, combinação imbatível para qualquer genealogista, reforçou laços que não são apenas sociais, mas também genéticos. Resultado? Uma mutação genética rara chamada Deficiência Isolada do Hormônio do Crescimento (DIGH) virou uma marca registrada de pelo menos 130 pessoas ao longo de oito gerações. Enquanto o resto do mundo discute a próxima tecnologia revolucionária, Itabaianinha oferece um case vivo sobre como o DNA pode narrar histórias de exclusão e pertencimento.
Na era pré-Internet, canais internacionais como CNN apontavam a lente para a cidade, e jornalistas como Marco Sanvoisin, italianíssimo e poeticamente deslumbrado, descreveram seus habitantes como “criaturas doces e diferentes, que parecem ter saído de um livro de fadas”. Para muitos, a frase foi um elogio; para outros, o início de uma exótica estigmatização.
Mas Itabaianinha não quis ser só matéria sensacionalista. Pulou do DNA para a cultura pop com a banda Siri Mania, estilizando seus moradores numa ode musical que subverte o olhar simplista sobre a diferença. O município se tornou um símbolo não de limitação, mas de resistência e reinvenção, onde a normalidade é medida em múltiplas escalas de proporção, orgulho e dignidade.
Num Brasil que adora um clichê, Itabaianinha quebra a regra ao reivindicar sua singularidade sem querer parecer um ponto turístico do inusitado. É a prova de que, no maior país da diversidade do planeta, durar no mapa não depende só do tamanho: pode ser uma questão de interpretar quem somos na nossa menor escala.
Quer conhecer um canto do mundo que reinventou o que significa “crescer”? Itabaianinha é o endereço.
