O 20º Fest Aruanda de Audiovisual conclui sua edição histórica nesta quarta-feira (10) em João Pessoa, e o grande plot twist não está nos vencedores das mostras competitivas, mas sim na discreta e quase lendária figura de Geraldo Vandré.
O festival substitui o tradicional longa de encerramento por um tributo ao paraibano, cujo comparecimento é tratado pela organização com o entusiasmo contido de quem acabou de testemunhar um milagre. A homenagem ao ícone, autor do hino-símbolo “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, está agendada para as 19h30 no Cinépolis do Manaíra Shopping.
Apesar de Vandré ter se recolhido da vida pública e especialmente da imprensa, por décadas, o coordenador do evento, Lúcio Vilar, ressalta a importância da sua presença física na semana em que completa 90 anos.
”Faz parte do temperamento dele, creio eu. Mas, veja, ele veio à Paraíba para celebrar seus 90 anos junto com o Fest Aruanda e tem muitos planos para 2026 em termos musicais. Vamos aguardar esses anúncios,” declara Vilar, oferecendo uma pista cifrada sobre o futuro do compositor, que já havia sido reverenciado no festival há uma década por sua contribuição à trilha sonora do filme A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965).
A vinda de Vandré, cuja discrição é inversamente proporcional à magnitude de sua obra, é vista como o ponto alto e o mais inusitado desta edição. Em um festival que se propõe a descentralizar-se e buscar o público na areia, o sucesso do Aruanda Praia, com shows de Sidney Magal e DJ Vivi Seixas, o grande ato de “democratização” acabou sendo a aparição do artista que se negou ao status de celebridade.
O coordenador do festival, Lúcio Vilar, faz um balanço positivo da 20ª edição, citando como “ganho verdadeiramente histórico” essa descentralização que levou o evento “a sair do shopping durante dois dias e contemplar pessoas de todas as classes sociais nas areias de Tambaú.”
No entanto, o foco desta noite permanece o tributo. Antes da entrega dos troféus das mostras competitivas nacional e regional e do grande momento de Vandré, a programação noturna será aberta com a projeção de dois curtas-metragens: Quando Sair Lá Fora Serei Ana e Um Oceano Inteiro, a partir das 17h.
O Fest Aruanda, ao eleger Vandré como seu ponto final, opta por celebrar o peso da arte que resiste ao tempo e ao espetáculo fácil, provando que, às vezes, a notícia mais relevante é o retorno silencioso de um mito.





