Moradores de Baía da Traição aponta. pontos da praia onde o oceano está “engolindo” casas e vias, especialmente na faixa da Praia do Forte, ponto por onde passa a rodovia PB-008, estrada que liga a cidade às aldeias indígenas. Estruturas inteiras têm sido consumidos pelas ondas e, em um dos registros, uma casa foi invertida pela força marítima. Segundo dados de satélite, mais de 20 residências já desapareceram com esse processo erosivo.

Diante do agravamento da situação, a prefeitura decretou estado de calamidade pública, uma medida aprovada e oficializada pela Assembleia Legislativa. O decreto autoriza respostas emergenciais no município e mobiliza recursos para conter os danos.
O órgão estadual ambiental, a Sudema, confirma que já liberou as licenças necessárias para que o poder municipal inicie intervenções técnicas nos trechos críticos.
Especialistas ressaltam que o fenômeno tem raízes nas mudanças climáticas. À medida que os oceanos aquecem, eles se expandem, elevando o nível do mar e fortalecendo os processos erosivos. Para o geógrafo Erickson Torres, soluções pontuais, como a colocação de pedras, não bastam, sendo preciso planejamento técnico coordenado entre gestores e cientistas.

Além disso, o Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas (PREAMAR) mobilizou equipes de especialistas para levantamento aerofotogramétrico da costa e análises de perfil de praia, sedimentos e dinâmicas oceânicas. O objetivo é definir intervenções de curto e médio prazo, sobretudo para proteger a rodovia PB-008 e áreas próximas que já se encontram em vulnerabilidade elevada.
Um estudo acadêmico da UFPB mapeia o risco costeiro em Baía da Traição. Nele, 56,36% da linha costeira do município aparece classificada como de vulnerabilidade moderada, 26,80% em vulnerabilidade baixa e 16,82% em vulnerabilidade alta, com áreas densamente ocupadas coincidindo com regiões mais ameaçadas.
A emergência ambiental, aliada à fragilidade social de um município com elevada população indígena, demanda ação rápida e bem orientada. Para os moradores, a luta agora é por segurança territorial, antes que o mar leve os alicerces da vida à força.
 
				 
											




