O lendário Rainbow Warrior, ícone do ativismo ambiental global, atracou no Porto do Recife, Pernambuco, nesta terça-feira, 2 de dezembro, após um engajamento crucial na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. A chegada da embarcação do Greenpeace marca a intensificação de um debate vital no Nordeste: a justiça climática sob a perspectiva das comunidades costeiras e a urgência da proteção marinha.

Com a bandeira da campanha “Do morro ao mar, justiça climática pra quem resiste!”, o navio transforma-se em plataforma de diálogo. Antes de receber o público, a agenda inclui encontros fechados com movimentos sociais locais, reconhecendo o papel central das populações que enfrentam diretamente as consequências da crise ecológica. Como destacou Leilane Reis, coordenadora de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, as decisões climáticas só ganham sentido quando alinhadas às demandas e experiências das comunidades que vivem na linha de frente dos impactos.
O ápice da visita será o fim de semana, quando o navio estará aberto à visitação no Terminal Marítimo de Passageiros Nelcy da Silva Campos, nos dias 6 e 7 de dezembro, das 9h às 16h. A expectativa é alta; após atrair mais de 7 mil pessoas em Belém, a organização projeta um grande afluxo de visitantes, que poderão explorar a ponte de comando, o helideck e até mesmo conferir um artefato inusitado: o tridente usado pelo ator Jason Momoa no filme Aquaman, doado por ele em 2020.

A passagem do Rainbow Warrior pelo litoral nordestino serve também como um lembrete contundente e necessário: o sexto aniversário do maior desastre de óleo da história do Brasil, ocorrido em 2019. Cerca de 5 mil toneladas de piche alastraram-se por mais de 3 mil quilômetros da costa, desde o Nordeste até o Sudeste.
O impacto socioambiental foi devastador e atingiu, segundo estimativas, mais de 300 mil pessoas, principalmente pescadores artesanais e comunidades marisqueiras, cuja subsistência foi subitamente comprometida. Apesar de um gasto público de R$ 188 milhões na limpeza, o prejuízo à biodiversidade marinha, aos manguezais e estuários permanece incalculável.
A coordenadora de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade, reforça que a tragédia de 2019 deve acender um alerta permanente. A vulnerabilidade do litoral brasileiro, incluindo áreas de risco como a Foz do Amazonas, exige um sistema de legislação ambiental robusto e fiscalização eficiente para prevenir novos acidentes com consequências socioambientais irreversíveis. A presença do navio no Recife é, portanto, um apelo vibrante por proteção e responsabilização.





